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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 1 • 169<br />

do que a eles, então notifica que, quanto maior é a amplitude da graça<br />

para conosco, maior reverência e ardor e cuidado nos é requerido.<br />

21. Que crestes. A manifestação de Cristo não se refere a todos<br />

indiscriminadamente, mas pertence somente àqueles sobre quem ele<br />

faz o evangelho refulgir. É preciso que notemos bem as palavras que<br />

por ele crestes em Deus. Aqui está expresso sucintamente o que é fé.<br />

Porque, visto que Deus é incompreensível, a fé poderia jamais alcançá-lo,<br />

a menos que ela tenha uma consideração imediata por Cristo.<br />

Além disso, há duas razões por que a fé poderia estar não em Deus, a<br />

não ser que Cristo interviesse como Mediador: primeiro, a grandeza<br />

da glória divina deve ser levada em conta e, ao mesmo tempo, a pequenez<br />

de nossa capacidade. Nossa acuidade sem dúvida está muito<br />

longe de ser capaz de subir tão alto a ponto de compreender a Deus.<br />

Daí, todo conhecimento de Deus sem Cristo é um vasto abismo que<br />

engole imediatamente todos os nossos pensamentos. Temos uma clara<br />

prova disto não só nos turcos e judeus, os quais no lugar de Deus<br />

adoram seus próprios sonhos, mas também nos papistas. É bem comum<br />

aquele axioma das escolas, a saber, que Deus é o objeto da fé. Daí<br />

especulam grande e refinadamente da majestade secreta, sendo Cristo<br />

ignorado; mas, com que sucesso? Enredam-se em tontices caducas, de<br />

modo a não mais haver fim para suas divagações. Pois fé, como pensam,<br />

outra coisa não é senão uma especulação imaginativa. Portanto,<br />

lembremo-nos bem de que Cristo não em vão é chamado a imagem<br />

do Deus invisível [Cl 1.15]; mas este nome lhe é dado por esta razão,<br />

porque Deus não pode ser conhecido exceto nele.<br />

A segunda razão é que, como a fé nos une a Deus, nos esquivamos<br />

e tememos o próprio acesso a ele, a menos que um Mediador nos<br />

venha libertar desse temor. Pois o pecado, que reina em nós, nos faz<br />

odiosos a Deus e ele a nós. Daí, tão logo se faz menção de Deus, inevitavelmente<br />

nos enchemos de temor; e, se nos aproximamos dele, sua<br />

justiça é como fogo que nos consome completamente.<br />

Por isso se faz evidente que não podemos crer em Deus a não ser<br />

através de Cristo, em quem Deus, de certa maneira, se faz pequeno,

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