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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 4 • 451<br />

espírito do erro, alguns crêem que estão implícitos os ouvintes, como<br />

se ele quisesse dizer: aqueles que se rendem para que sejam enganados<br />

pelos impostores nasceram para o erro, e tinham em si a semente<br />

da falsidade; mas os que obedecem à palavra de Deus revelam, por<br />

este mesmo fato, que são filhos da verdade. Não aprovo este ponto de<br />

vista. Porque, como o apóstolo aqui toma espíritos metonimicamente<br />

por mestres ou profetas, creio que ele tem em mente nada mais que<br />

isto: que a prova da doutrina deve referir-se a estas duas coisas: se ela<br />

procede de Deus, ou se procede do mundo. 27<br />

Não obstante, falando nesses termos parece nada estar dizendo;<br />

pois todos estão prontos a declarar que não falam senão da parte de<br />

Deus. Assim os papistas de hoje se gabam, com magistral circunspecção,<br />

dizendo que todas suas invenções são oráculos do Espírito. Nem<br />

Maomé assevera que extraiu suas tontices de nenhuma outra fonte<br />

senão do céu. Os egípcios, igualmente, em seus primórdios, pretendiam<br />

que suas dementes absurdidades, pelas quais enfatuavam a si e a<br />

outros, foram reveladas do alto. Mas a tudo isso respondo que temos a<br />

palavra do Senhor, a qual deve ser especialmente consultada. Quando,<br />

pois, falsos espíritos pretendem o nome de Deus, devemos inquirir das<br />

Escrituras se as coisas são assim. Contanto que uma devota atenção<br />

seja exercida, acompanhada com humildade e mansidão, o espírito de<br />

discernimento nos será dado, o qual, como um fiel intérprete, nos abrirá<br />

o significado do que é dito na Escritura.<br />

27 Segundo este ponto de vista, “o espírito da verdade” significa o mestre da verdade; e,<br />

“o espírito do erro”, o mestre do erro; e isto está em consonância com todo o teor do<br />

contexto, o espírito denotando inteiramente a pessoa que reivindicava, correta ou<br />

falsamente, estar sob a diretriz do Espírito divino. “Por isto” se refere ao que acabava de<br />

ser declarado, ou, seja, que os falsos mestres eram do mundo, e falavam coisas agradáveis<br />

à mente profana, e eram ouvidos pelo mundo; e que os verdadeiros mestres procediam de<br />

Deus, e eram ouvidos ou atendidos por aqueles que conheciam a Deus, e não atendidos<br />

por eles enquanto viviam ignorantes dele. E era por esta afirmação que ele fizera que eles<br />

pudessem distinguir entre o mestre da verdade e o mestre do erro. O mestre da verdade<br />

procedia de Deus e era atendido por aqueles que conheciam a Deus, e não por aqueles que<br />

não o conheciam; em contrapartida, o mestre do erro procedia do mundo, pregava o que<br />

era agradável aos homens do mundo e recebia o endosso deles. A ordem, como às vezes é o<br />

caso, é invertida; o mestre do erro, mencionado por último, é descrito no quinto versículo;<br />

e o mestre da verdade, mencionado primeiro, no início do sexto.

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