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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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52 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – Tiago<br />

descreve, quando diz: “Habito também com o contrito e abatido de<br />

espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração<br />

dos contritos” [Is 57.15]. Daí haver tão pouco proveito na escola<br />

de Deus, porque dificilmente um em cem renuncia a obstinação de seu<br />

próprio espírito e mansamente se submete a Deus; mas quase todos<br />

são presunçosos e refratários. Mas se desejamos ser a plantação viva<br />

de Deus, temos de subjugar nossos corações orgulhosos e ser humildes,<br />

e labutar para sermos como cordeiros, a ponto de suportarmos<br />

ser governados e guiados por nosso Pastor.<br />

Mas, como os homens nunca se deixam domar assim, a ponto de<br />

terem um coração sereno e manso, a menos que sejam purgados das<br />

afeições depravadas, assim ele nos convida a pôr de lado a impureza e o<br />

excesso de perversidade. E, como Tiago emprestou uma comparação da<br />

agricultura, era-lhe necessário observar esta ordem: começar arrancando<br />

as ervas daninhas. E, visto que falava a todos, podemos daí concluir<br />

que esses são os males inerentes de nossa natureza, e que eles aderem<br />

a todos nós; sim, visto falar aos fiéis, ele mostra que nunca estamos totalmente<br />

purificados deles nesta vida, mas que estejamos em constante<br />

desenvolvimento, e por isso ele requer que se tome constante cuidado<br />

para que sejam erradicados. Como a palavra de Deus é especialmente<br />

santa, sempre oportuna de ser recebida, devemos despir-nos das coisas<br />

imundas pelas quais nos tornamos poluídos.<br />

Sob a palavra κακία, ele compreende a hipocrisia e a obstinação,<br />

tanto quanto os desejos ou concupiscências ilícitas. Não satisfeito em<br />

especificar a sede da perversidade, como estando na alma do homem,<br />

ele nos ensina que tão aversiva é a perversidade que habita ali, que<br />

transborda, ou que sobe como se fosse um monte; e, indubitavelmente,<br />

quem quer que se examine bem, descobrirá que há em seu interior<br />

um imenso caos de males. 12<br />

12 O que torna esta passagem insatisfatória é o significado dado a περισσεία, traduzido por<br />

alguns por “superfluidade”, e por outros, “redundância”. O verbo περισσεύω significa não<br />

só abundar, mas também ser um resíduo, permanecer, ser um remanescente. Vejam-se<br />

Mateus 14.20; Lucas 9.17. E seu derivado, περίσσευμα, é usado no sentido de um resto ou<br />

uma sobra [Mc 8.8]; e esta mesma palavra é usada na Septuaginta para , que significa um

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