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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 1 • 313<br />

O que imediatamente adiciona com respeito à estrela da alva,<br />

contudo não parece totalmente ajustável a esta explanação; pois o conhecimento<br />

real, para o qual avançamos ao longo da vida, não pode<br />

ser chamado o alvorecer do dia. A isto respondo que diferentes partes<br />

do dia são comparadas juntas, mas o dia inteiro, em todas suas partes,<br />

é posto em oposição às trevas, que transbordariam totalmente sobre<br />

todas nossas faculdades, não fosse o Senhor vindo em nosso auxílio<br />

pela luz de sua palavra.<br />

Esta é uma passagem notável: dela aprendemos como Deus nos<br />

guia. Os papistas, de quando em quando, têm em sua boca que a igreja<br />

não pode errar. Ainda que a palavra seja negligenciada, contudo<br />

imaginam que ela é guiada pelo Espírito. Pedro, porém, ao contrário,<br />

notifica que todos quantos não atentam para a luz da palavra estão<br />

imersos em trevas. Portanto, exceto que você resolva espontaneamente<br />

se precipitar num labirinto, cuide-se especialmente de não se<br />

afastar, mesmo que seja numa mínima coisa, da norma e diretriz da<br />

palavra. Mais ainda, a igreja não pode seguir a Deus, como seu guia, a<br />

menos que observe o que a palavra prescreve.<br />

Nesta passagem, Pedro condena ainda toda a sabedoria dos<br />

homens, a fim de que aprendamos humildemente a buscar, diferentemente<br />

de nosso próprio entendimento, o verdadeiro caminho do<br />

conhecimento; porque, sem a palavra, nada é deixado aos homens senão<br />

trevas.<br />

É preciso notar algo mais do que ele pronuncia sobre a clareza da<br />

Escritura; pois o que é dito seria um falso elogio, não fosse a Escritura<br />

apta e adequada para mostrar-nos, com certeza, o caminho certo. Portanto,<br />

quem quer que abra bem seus olhos, pela obediência da fé, pela<br />

experiência sabe bem que a Escritura não foi em vão denominada de<br />

luz. É verdade que nos incrédulos ela é obscura; mas aqueles que são<br />

relegados à destruição são cegos por seu próprio arbítrio. Execrável,<br />

pois, é a blasfêmia dos papistas, os quais pretendem que a luz da Escritura<br />

nada faz senão ofuscar os olhos, a fim de afastar os simples de sua<br />

leitura. Mas não surpreende que os homens orgulhosos, inchados com

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