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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 5 • 491<br />

Este é o verdadeiro Deus. Ainda que os arianos tenham tentado<br />

esquivar-se desta passagem, e alguns em nossos dias concordam<br />

com eles, contudo temos aqui um notável testemunho em prol da divindade<br />

de Cristo. Os arianos aplicam esta passagem ao Pai, como<br />

se o apóstolo reiterasse uma vez mais que ele é o verdadeiro Deus.<br />

Mas nada poderia ser mais insípido do que tal repetição. Ele já por<br />

duas vezes testificara que o verdadeiro Deus é aquele que se nos fez<br />

conhecido em Cristo, por que, pois, ele ainda acrescenta este é o verdadeiro<br />

Deus? Se aplica, na verdade, muito apropriadamente a Cristo;<br />

pois após haver nos ensinado que Cristo é o guia por cuja mão somos<br />

conduzidos a Deus, agora, a modo de ampliação, afirma que Cristo é<br />

esse Deus, para que não pensemos que devamos buscar algo mais; e<br />

ele confirma este conceito pelo qual se acrescenta, e a vida eterna.<br />

Indubitavelmente, é o mesmo que falar que ele é o verdadeiro Deus e<br />

a vida eterna. Passo por alto que o relativo οὗτος geralmente se refere<br />

à última pessoa. Digo, pois, que Cristo é, com propriedade, chamado a<br />

vida eterna; e que este modo de falar ocorre constantemente em João,<br />

ninguém pode negar.<br />

O significado é que, quando temos Cristo, desfrutamos do verdadeiro<br />

e eterno Deus, pois ele não deve ser buscado em nenhum outro<br />

lugar; e, segundo, que assim nos tornamos participantes da vida eterna,<br />

porque ela nos é oferecida em Cristo, ainda que oculto no Pai. A origem<br />

da vida deveras é o Pai; mas a fonte da qual nós a extraímos é Cristo.<br />

21. Guardai-vos dos ídolos. Ainda que esta seja uma sentença<br />

separada, contudo é, por assim dizer, um apêndice à doutrina precedente.<br />

Pois a luz vivificante do evangelho deve espalhar e dissipar<br />

não só as trevas, mas também toda a névoa das mentes dos santos.<br />

O apóstolo não só condena a idolatria, mas nos ordena a precaver-<br />

-nos de todas as imagens e ídolos; com isso ele notifica que o culto<br />

devido a Deus não pode continuar sem corrupção e puro sempre que<br />

Filho, enquanto a referência é a Deus, como na sentença anterior. O verdadeiro significado<br />

seria assim comunicado: “E estamos no verdadeiro Deus, estando em seu Filho Jesus<br />

Cristo”; pois estar em Cristo é estar em Deus. Três manuscritos, a Vulgata e vários dos Pais<br />

[da Igreja], redigem assim: “E estamos em seu verdadeiro Filho Jesus Cristo”.

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