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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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46 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – Tiago<br />

ao pecado, e por esta razão: porque ele arde totalmente com o demente<br />

desejo de pecar. Deus, porém, não deseja o que é mal; portanto, ele<br />

não é o autor do mal que nos é feito.<br />

14. Quando ele é atraído por sua própria concupiscência. Como<br />

a inclinação e o excitamento a pecar provêm do íntimo, futilmente o<br />

pecador busca uma escusa para o impulso externo. Ao mesmo tempo,<br />

é preciso notar bem esses dois efeitos da concupiscência: que esta nos<br />

enreda por suas fascinações, e nos atrai; cada uma destas é suficiente<br />

para fazer-nos culpados. 9<br />

15. Então, havendo a concupiscência concebido. Primeiro, ele<br />

evoca aquela concupiscência que não é qualquer tipo de afeição ou<br />

desejo nocivo, mas aquela que é a fonte de todas as afeições nocivas,<br />

pelas quais, como ele mostra, concebem progênies viciosas, as quais,<br />

por fim, prorrompem em pecados. Não obstante, parece impróprio,<br />

e diferente do uso da Escritura, restringir a palavra pecado a obras<br />

externas, como se de fato a concupiscência em si não fosse pecado, e<br />

como se os desejos corruptos, permanecendo cicatrizados no íntimo<br />

e suprimidos, não fossem tantos pecados. Mas como o uso de uma palavra<br />

varia, nada há de irracional se aqui for tomado, como em muitos<br />

outros lugares, por pecado atual.<br />

E os papistas, ignorantemente, agarram esta passagem e buscam<br />

provar, com base nela, que as concupiscências viciosas, sim, imundas<br />

e perversas, e as mais abomináveis, não são pecado, desde que não<br />

haja assentimento; pois Tiago não mostra quando o pecado tem início,<br />

a ponto de ser pecado, e assim considerado por Deus, mas quando<br />

por qualquer propensão má; que ele não está sujeito a quaisquer sugestões más. Daí se<br />

segue que ele a ninguém tenta ou seduz ao que é pecaminoso. Sendo que em si mesmo<br />

não pode ser assaltado pelos males, ele não pode seduzir outros ao que é mal. Como<br />

Deus não pode ser tentado a fazer o que é pecaminoso, ele também não pode de modo<br />

algum tentar outros a pecar. As palavras podem ser assim traduzidas: 13. “Ninguém,<br />

quando seduzido, diga: Sou tentado por Deus; pois ele não é passível de ser seduzido<br />

pelos males, e ele mesmo a ninguém seduz”.<br />

9 As palavras são muito notáveis: “Mas cada um é tentado [ou seduzido] quando, por<br />

sua própria concupiscência, se deixa atrair [isto é, pelo que é bom] e é apanhado [ou<br />

engodado] por uma isca”. Antes de tudo, ele é afastado da raia do dever, e então é<br />

apanhado por algo que é agradável e plausível; mas, como a isca, ele que tem em si um<br />

anzol fatal.

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