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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 5 • 111<br />

disposição tirânica, os quais pensam que o resto do gênero humano<br />

vive simplesmente para o exclusivo benefício deles.<br />

Ele, porém, afirma que esse salário clama, pois seja o que for que<br />

os homens retenham, ou por fraude, ou por violência, do que pertence a<br />

outrem, clama por vingança, por assim dizer, em alto e bom som. Devemos<br />

notar bem o que ele adiciona: que os clamores dos pobres chegam<br />

aos ouvidos de Deus, para que tenhamos consciência de que a injustiça<br />

feita a eles não ficará impune. Portanto, os que são oprimidos pelos injustos<br />

devem resignadamente suportar seus males, porque terão Deus<br />

por seu defensor. E os que têm o poder de fazer dano devem abster-<br />

-se da injustiça, para que não provoquem a Deus, que é o protetor e o<br />

benfeitor dos pobres, contra si mesmos. E, por esta razão, ele também<br />

chama Deus de o Senhor Sabaote, ou dos exércitos, com isso notificando<br />

seu poder e força, pelos quais ele torna seu juízo ainda mais terrível.<br />

5. Em prazeres. Ele passa agora a outro vício, a saber, luxo e gratificações<br />

pecaminosas; pois quem mergulha nas riquezas raras vezes<br />

se mantém dentro das fronteiras da moderação, senão que abusa de<br />

sua abundância pelas indulgências extremas. Há, deveras, alguns ricos,<br />

como eu já disse, que se afligem em meio a sua abundância. Pois<br />

não foi sem razão que os poetas imaginaram Tântalo faminto junto a<br />

uma mesa bem farta. Sempre houve e sempre haverá pessoas deste<br />

tipo no mundo. Tiago, porém, como já se afirmou, não fala de todos os<br />

ricos. Basta que vejamos este vício comumente prevalecendo entre os<br />

ricos, os quais são tão dados aos luxos, às pompas e superfluidades.<br />

E embora o Senhor lhes permita que vivam livremente sobre o<br />

que possuem, contudo deve-se evitar a abundância e praticar a frugalidade.<br />

Pois não foi em vão que o Senhor, por boca de seus profetas,<br />

reprovou tão severamente os que dormiam em leitos de marfim, que<br />

usavam unguentos preciosos, que se deleitavam em suas festas ao<br />

som de harpa, que eram como que vacas gordas em seus ricos pastos.<br />

Pois todas essas coisas foram ditas com este propósito: para que<br />

saibamos que se deve observar a moderação, e que a extravagância<br />

causa desprazer em Deus.

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