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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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294 • <strong>Comentário</strong> das <strong>Epístolas</strong> <strong>Gerais</strong> – 2Pedro<br />

4. Pelas quais ele nos tem dado. É duvidoso se sua referência é<br />

só à glória e ao poder, ou também às coisas precedentes. Toda a dificuldade<br />

provém disto: que, o que se diz aqui, não se ajusta à glória e à<br />

virtude que Deus nos confere; mas, se lermos “por sua própria glória e<br />

poder”, não haverá ambiguidade nem perplexidade. Porque, o que nos<br />

foi prometido por Deus deve ser propriamente e com razão considerado<br />

com sendo o efeito de seu poder e glória. 5<br />

Ao mesmo tempo, as cópias também variam aqui; pois algumas<br />

trazem δι ᾿ ὃν, “por causa de quem”; e, assim, a referência pode ser a<br />

Cristo. Seja qual das duas redações você escolha, ainda o significado<br />

será que, antes de tudo, as promessas de Deus devem ser extremamente<br />

valorizadas; e, em segundo lugar, que são graciosas, porque nos<br />

são oferecidas como dons. E então mostra a excelência das promessas,<br />

a saber, que nos fazem participantes da natureza divina, e nada se<br />

pode conceber melhor que isso.<br />

Pois devemos considerar donde provém que Deus nos soergue<br />

a tal altitude de honra. Bem sabemos quão abjeta é a condição<br />

de nossa natureza; que Deus, pois, se faria nosso, de modo que todas<br />

as suas coisas de certa maneira se tornassem nossas coisas, a<br />

grandeza de sua graça não pode ser suficientemente concebida por<br />

nossa mente. Portanto, esta única consideração deve ser sobejamente<br />

suficiente para fazer-nos renunciar o mundo e fazer-nos alçar vôo<br />

para o céu. Observemos, pois, que o fim do evangelho é tornar-nos<br />

5 O texto aceito sem dúvida contém a redação genuína. A palavra ἀρετὴ nunca significa<br />

“poder”, nem nos clássicos, nem na Septuaginta, nem no Novo Testamento. Beza, bem<br />

como Schleusner, consideram διὰ como que expressando a causa final, para; é também<br />

usado no sentido de “por causa de”, ou “na conta de”. “Glória e virtude” estão numa<br />

ordem semelhante que as palavras anteriores, “vida e santidade”, e também na mesma<br />

ordem que as palavras conclusivas do versículo seguinte, “participantes da natureza<br />

divina” e “escapando das corrupções do mundo”. De modo que há uma correspondência<br />

à ordem das palavras por toda a passagem. Com respeito a δι ᾿ ὦν, a tradução pode ser<br />

“por causa dos quais”, isto é, para o propósito de conduzir-nos à “glória e virtude” muitas<br />

e preciosas promessas têm sido dadas; e, então, a conclusão do versículo expressa o<br />

objetivo em outras palavras, para que, por meio dessas promessas, nos tornemos<br />

participantes da natureza divina, tendo escapado das poluições do mundo. Escapar da<br />

corrupção do mundo é “santidade”, é “virtude”; e participar da natureza divina é “vida”,<br />

é “glória”. Esta correspondência completa confirma o significado que Beza e nossa versão<br />

dão da preposição διὰ, no final do terceiro versículo.

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