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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 1 • 373<br />

nossa purificação, a saber, porque Cristo expiou nossos pecados por<br />

seu sangue; porém afirma que todos os santos são, indubitavelmente,<br />

participantes dessa purificação.<br />

A totalidade de sua doutrina foi perversamente pervertida pelos<br />

sofistas; pois imaginam que o perdão de pecados nos é dado, por assim<br />

dizer, no batismo. Mantêm que somente ali o sangue de Cristo é<br />

válido; e ensinam que, depois do batismo, Deus não é reconciliado de<br />

outra maneira senão por meio de satisfações. De fato, deixam alguma<br />

parte para o sangue de Cristo; mas quando atribuem mérito às obras,<br />

mesmo no mínimo grau, subvertem totalmente o que João ensina<br />

aqui, no tocante ao modo de expiar pecados e de ser reconciliado com<br />

Deus. Pois estas duas coisas nunca podem se harmonizar: ser purificado<br />

pelo sangue de Cristo e ser purificado pelas obras; pois João não<br />

atribui ao sangue de Cristo a metade, e sim a totalidade.<br />

Portanto, a suma do que lemos é que os fiéis sabem com certeza<br />

que são aceitos por Deus em razão de que ele se reconciliou com eles<br />

através do sacrifício da morte de Cristo. E sacrifício inclui purificação<br />

e satisfação. Daí, o poder e a eficiência destas pertencem unicamente<br />

ao sangue de Cristo.<br />

Pelo presente, reprova-se e se expõe a sacrílega invenção dos<br />

papistas no que tange às indulgências; porque, como se o sangue de<br />

Cristo não fosse suficiente, adicionam, como um subsídio a ele, o sangue<br />

e méritos dos mártires. Ao mesmo tempo, esta blasfêmia grassa<br />

muito mais entre nós; porque, como dizem que suas chaves, pelas<br />

quais eles mantêm contida a remissão de pecados, abrem um tesouro<br />

acumulado em parte pelo sangue de e méritos dos mártires, e em<br />

parte pelas obras de supererrogação [supererogatione], pelas quais<br />

qualquer pecador pode redimir-se, não lhes resta nenhuma remissão<br />

de pecados, senão o que é depreciativo ao sangue de Cristo; pois, se<br />

sua doutrina ficar de pé, o sangue de Cristo não nos purifica, mas entra,<br />

por assim dizer, como um auxílio parcial. E, assim, as consciências<br />

ficam em suspense, as quais o apóstolo, aqui, incita a depositar confiança<br />

no sangue de Cristo.

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