06.10.2015 Views

Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 5 • 467<br />

senão traçar o amor fraternal à fé como sua fonte. Este deveras é um<br />

argumento extraído do curso comum da natureza; mas o que é visto<br />

entre os homens é transferido para Deus. 31<br />

Mas precisamos observar que o apóstolo não fala assim apenas<br />

dos fiéis, e passa por alto aos que são de fora, como se somente os<br />

primeiros devessem ser amados, e não houve nenhuma preocupação<br />

nem se levou em conta os últimos; mas ele nos ensina como se por<br />

este primeiro exercício o amor se estendesse a todos sem exceção, ao<br />

nos convidar a começarmos com os santos. 32<br />

2. Por isto conhecemos. Nestas palavras, ele mostra sucintamente<br />

qual é o verdadeiro amor, a saber, aquele que visa a Deus. Até aqui ele<br />

nos ensinou que jamais há um verdadeiro amor para com Deus, exceto<br />

quando nossos irmãos são também amados; pois este é sempre seu<br />

efeito. Não obstante, ele agora nos ensina que os homens são correta<br />

e devidamente amados quando Deus mantém a prioridade. E esta é<br />

uma definição necessária, pois às vezes sucede que amamos os homens<br />

à parte de Deus, pois as amizades profanas e carnais levam em conta<br />

somente as vantagens pessoais ou alguns outros objetos que se desvanecem.<br />

Como, pois, ele se referiu primeiramente ao efeito, assim ele<br />

agora faz referência à causa; pois seu propósito é mostrar que o amor<br />

mútuo deve ser de tal maneira cuidado, que Deus venha a ser honrado.<br />

Ao amor de Deus ele anexa a guarda da lei, e o faz com muita<br />

razão; pois quando amamos a Deus como nosso Pai e Senhor, necessariamente<br />

a reverência vem conectada com o amor. Além disso, Deus<br />

não pode ser desvinculado de si mesmo. Como, pois, ele é a fonte de<br />

toda a justiça e equidade, quem o ama necessariamente deve ter seu<br />

coração preparado para render obediência à justiça. O amor de Deus,<br />

pois, não é ocioso nem inativo. 33<br />

31 A tradução literal do versículo é como segue: “Todo aquele que crê ser Jesus o Cristo foi<br />

gerado por Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao gerado por ele”.<br />

32 Sem dúvida, o sujeito é o amor para com os irmãos, extensivamente; e esta passagem<br />

mostra isto mui claramente. O amor para com todos, evidentemente, é um dever, porém<br />

não é ensinado aqui.<br />

33 “O amor de Deus”, aqui, evidentemente significa amor para com Deus; é o amor do qual<br />

Deus é o objeto.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!