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Comentário Epístolas Gerais

Comentário de João Calvino nas Epístolas Gerais.

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Capítulo 1 • 47<br />

ele se manifeste de repente. Pois ele segue em frente gradualmente, e<br />

mostra que a consumação do pecado é morte eterna, e que o pecado<br />

se origina dos desejos depravados, e que esses desejos ou afetos depravados<br />

têm sua raiz na concupiscência. Daí se segue que os homens<br />

colhem fruto na perdição eterna, e fruto esse que tem granjeado para<br />

si mesmos.<br />

Portanto, por pecado perfeito entendo não qualquer ato pecaminoso<br />

perpetrado, mas o curso completo de pecar. Pois ainda que a<br />

morte seja merecida por todo e qualquer pecado, contudo lemos que<br />

ela é a recompensa de uma vida ímpia e perversa. Daí ser a tontice dos<br />

refutados, os quais concluem destas palavras que o pecado não é mortal<br />

até que ele se manifesta, como dizem, num ato externo. Tampouco<br />

é disto que Tiago trata; mas seu objetivo era apenas este: ensinar que<br />

há em nós a raiz de nossa própria destruição.<br />

16. Não erreis, meus amados irmãos.<br />

17. Toda boa dádiva, e todo dom perfeito,<br />

vêm do alto, e desce do Pai<br />

das luzes, em quem não há variação<br />

nem sombra de mudança.<br />

18. De sua própria vontade ele nos<br />

gerou com a palavra da verdade,<br />

para que fôssemos como que um<br />

tipo de primícias de suas criaturas.<br />

16. Ne erretis, fratres mei dilecti:<br />

17. Omnis donatio bona et omne donum<br />

perfectum desursum est,<br />

descendens a Patre luminum; apud<br />

quem non est trasmutatio, aut conversionis<br />

obumbratio.<br />

18. Is sua voluntate genuit nos sermone<br />

veritatis, ut essemus primitiae<br />

quaedam suarum creaturarum.<br />

16. Não erreis. Este é um argumento com base no que é oposto;<br />

pois como Deus é o autor de todo bem, é absurdo presumir ser ele o<br />

autor do mal. O que lhe pertence com propriedade é fazer o bem, e está<br />

em harmonia com sua natureza; e dele nos vem todas as coisas boas.<br />

Então, seja qual for o mal que ele faça, isso não se harmoniza com sua<br />

natureza. Mas, como às vezes sucede que aquele que se comporta bem<br />

ao longo da vida, contudo falha em algumas coisas, ele satisfaz essa<br />

dúvida negando que Deus seja mutável como os homens. Mas se Deus<br />

é, em todas as coisas e sempre, consistente consigo mesmo, daí se<br />

segue que fazer o bem é sua obra perene.

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