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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela102populações dominadas. O prazeiro não interferiu, geralmente, nas estruturassociais pré-existentes das populações sob o seu domínio. Aliás, comoafirma Issacman, sem a colaboração dos chefes locais, nenhum prazeiropoderia subsistir por períodos longos de tempo. O prazeiro assenhoriou-sede direitos e privilégios que, antes, pertenciam aos chefes locais. Mas semeliminar estes, que por sua vez mantinham domínio político e económicosobre as suas populações. Das relações que o prazeiro mantivesse com ochefe indígena dependia o seu domínio político. Em caso de conflito prevaleciaa força militar, para tanto dispondo os prazeiros de exércitos deescravos. E conforme foi o tipo dessas diversas relações entre o prazeiro e aschefaturas tradicionais, assim foi mais ou menos estável o seu domínio. Dequalquer maneira, o prazeiro dispunha, além do seu exército de escravos,que policiava o território, de agentes locais que o representavam junto doschefes indígenas, e os vigiavam (196) .Quanto à interpenetração cultural, também aqui se deu um fenómenoque deve ser único em todas as colónias africanas, pelo menos quanto aograu atingido. Para o período até aqui em apreço, os prazeiros eram senhoresresidentes. Já vimos que no sistema se integraram nomes da nobreza doreino e, apesar das restrições legais, rapidamente se deu uma total miscigenaçãoentre os próprios prazeiros. A determinada altura, eram senhoresdos prazos as famosas donas, da Zambézia na sua maior parte com sanguede cor, todo o dia rodeadas por numerosas escravas, com elas praticandojogos, entretenimentos, lascívias, coscuvilhices e superstições. Um tipobem determinado de relações patriarcais. Também já vimos como era deregra a concubinagem e os numerosos casos de casamentos de prazeiroscom filhas da terra. O eterno problema da ausência da mulher branca nostrópicos. Em tal meio, a que vieram misturar-se numerosos goeses e goesas,não era possível manter-se um status cultural predominantemente de raizeuropeia. A tendência foi para a submissão crescente dos remanescentesculturais europeus à predominância dos valores culturais locais. Já no séculoXIX havia prazeiros quase totalmente identificados, pelo casamento ehábitos adoptados, com a cultura e civilização locais. Aliás, os portugueses196 Para estes aspectos das relações dos prazeiros com as formações sociais locais, vide a magníficaexposição de Isaacman, ob. cit., págs. 28 e segs.2007

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