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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela132Esta narrativa deixa transparecer suficientemente as característicasda classe esclavagista moçambicana, tal como ela se apresentava nas primeirasdécadas de oitocentos. Apesar disso, julgamos da maior utilidadeacrescentar uns tantos dados susceptíveis de a referenciar com maior precisãoe exactamente nas suas reacções perante as medidas abolicionistasdimanadas de Lisboa. Relações que, por sua vez, nos podem trazer umamaior evidência para a verdadeira natureza dessas mesmas medidas esuas motivações.Quando o negócio da escravatura via aproximar-se o fim dos seus dias,alguns governantes mais avisados previram, desde logo, a necessidade deprover à vida futura da colónia, com perspectivas novas. Como vimos, atéautoridades envolvidas no tráfico pressentiram essa necessidade. Não,porém, a generalidade dos negreiros que trataram de se locupletar atéao fim, saindo em momento propício do território com as suas fortunas.Este era, no final de contas, o resultado da política pombalina que, tendoincentivado a exportação de escravos para o Brasil e tendo pretendidoformar nos portos africanos núcleos de mercadores abastados, acabarapor aniquilar toda a economia colonial. O ministro, de Lisboa, em 1830,recomendando restrições nas despesas públicas, em face da abolição dotráfico de escravos, lastimava que, até 1800, quando tal tráfico não predominavaem Moçambique, era a província rica em ouro, cobre, marfim ecom um comércio activo para a costa do Malabar (278) .Mas a verdade é que nem sequer era possível recomeçar, porque entretantoo comércio da escravatura subvertera tudo e todos. A corrupção erageneralizada a todos os escalões do poder. Os governadores eram venais atal ponto que impediam os funcionários de cumprir o seu dever. O feitor daFazenda de Quelimane dizia-se tolhido pelo governador a quem atribuíatrês caracteres: «opinião, ambição e lascívia». É claro que o governadorestava metido até aos olhos no contrabando da escravatura (279) . Este erao famigerado João Bonifácio Alves da Silva, que se foi para o Brasil com asua fortuna mas, de igual jaez, como vimos, era Vasconcelos e Cirne, queXavier Botelho dizia ser motivado pela «fome de oiro» e que era, nos Rios278 Duque do Cadaval a Paulo José de Brito, 11/Out./ 1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 19.279 Feitor de Quel. a Gov.-Geral, 25/Julho/1828, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 5.2007

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