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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela42comércio legítimo não podia estabelecer-se sem se acabar com o tráficodos escravos» (69) .Veremos o que foram as ambições inglesas sobre as colónias portuguesasno decorrer das negociações anglo-lusas para abolição do tráfico.A representação foi confiada ao conde de Palmela (D. Pedro de SousaHolstein) e a mais dois plenipotenciários, D. António de Saldanha da Gamae D. Joaquim Lobo da Silveira. Como vemos, os homens que iam negociargrandes interesses nacionais provinham de uma extracção classista bemdemarcada que se integrava perfeitamente na ordem antiga ainda vigentee pouco tinha a ver com a burguesia triunfadora, escassos cinco anos maistarde. A generalidade dos autores atribui os méritos da acção diplomáticadesenvolvida exclusivamente ao Palmela que os panegiristas enaltecemsobremaneira. Palmela era, por outro lado, representante típico de uma dasfacções que integrariam a fase inicial do liberalismo português: aristocrata,homem viajado e perfeitamente conhecedor da Europa, admitia uma liberalizaçãopolítica moderada, bastantemente ao arrepio dos espíritos maisexaltados do movimento revolucionário em gestão. Já após 1820 admitiaa possibilidade de conciliar o «plano de preparar a transição do regimeabsoluto para a monarquia constitucional por via de um acordo entre ossúbditos e o soberano: o conde amava a liberdade, desejava-a plantada nasua pátria, mas temia a anarquia, assustava-se facilmente com a exaltaçãodo carácter meridional, e os arrojos da tribuna, os clamores dos jornais, ea agitação das praças e dos comícios representavam-lhe a cada instante oterrível espectro do crime, que tinham desonrado a gloriosa emancipaçãoda humanidade» (70) .Foi este homem, de facto, a enfrentar com êxito a ofensiva diplomáticada Inglaterra, no primeiro round de uma luta ardorosa que se prolongoupor decénios.No congresso, a questão do tráfico dos escravos foi estudada por umacomissão onde Portugal, com o apoio da Espanha e da França, «procurouevitar os prejuízos de uma abolição precipitada do tráfico» (71) . Por tratado69 Idem, ibidem70 Rebello da Silva, ob. cit., págs. 16-7.71 Marcello Caetano, ob. cit., pág. 51: Portugal e Espanha eram os países em maior oposição à aboliçãodo tráfico porque consideravam a escravatura como indispensável à manutenção da economia das2007

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