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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>Mas Moçambique não era apenas a sociedade prazeira. Já referimoscomerciantes típicos que buscavam, no interior, o ouro e o marfim.Certamente que, nos portos, se desenvolvia comércio a longa distânciae é preciso ver até que ponto, paralelamente com a classe predominantementesenhorial dos prazos, não havia outra dedicada especialmenteàs transacções comerciais, nestas incluídas a importação e a exportação.Se alguma coisa tentámos dizer da classe senhorial até meados do séculoXVIII, não foi porque ela viesse a estar directamente relacionada com aabolição do tráfico e da escravatura que, aliás, só se veio a dar quase cemanos depois. Ao contrário, porque esse tipo de sociedade sob seu domínionos vai permitir identificar uma evolução que destrói exactamente essaqualidade de senhorial e que se processa sobre réditos de natureza diversaque lhe fornece. O comércio exacerbado de escravos inviabiliza o senhorioque tinha neles, enquanto estáveis, o seu suporte principal.O mesmo se não poderá dizer de uma eventual classe estabelecida nosportos marítimos, vivendo predominantemente dos negócios, porventurada navegação. Classe que, a ser identificada como tal, estaria aparentementemuito mais predisposta para o grande tráfico negreiro se é que, emmaior ou menor grau, não estaria, desde há muito, nele envolvida. Acresceo facto de a povoação mais central ao sistema dos prazos, Sena, ser umporto fluvial muito distante do mar. O mesmo acontecia com Tete, onde seencontrava o tráfego que, desde o Zumbo e ao longo do Zambeze, até ládescia. E Quelimane, igualmente capital de terras emprazadas, à margemdo Rio dos Bons Sinais, esta se poderia dizer já quase um porto de mar.Veremos que, tal como para alguns casos referenciados no século XVIII, noséculo seguinte proliferam os governantes e funcionários públicos, simultaneamentea explorarem prazos, negócios marítimos e de navegação ou,pelo menos, uma dessas modalidades. Em meados do século XVIII os portosde Sofala e Inhambane, mais ao sul, não tinham qualquer importância eos portugueses residentes viviam na miséria. Aliás, portugueses de raiz,pelas razões apontadas e outras de que trataremos, eram, no Moçambiqueoitocentista, escassos em número e na generalidade pobres.Até à separação decretada feita pelo decreto real de 19 de Abril de 1752,a possessão portuguesa da costa oriental de África não passava de um complementodo Estado da India ao qual estava subordinada tanto política como105E-BOOK CEAUP

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