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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela148fronteiro à Ilha de Moçambique, que se mantiveram em beligerância comos portugueses na segunda metade do século XVIII e durante boa parte doseguinte. Isto é, justamente a partir de quando se intensificou a exportaçãoe os capitães-mores começaram a raptar indivíduos para os venderem comoescravos. Os levantamentos nos prazos foram, igualmente frequentes,a partir do momento em que as suas populações, irrespectivamente dese tratar de escravos adscriptícios ou de colonos, começaram a sofrer osefeitos da rapina para o tráfico. Mas estas rebeliões nunca se deram com osescravos arrebanhados para a exportação. Rebeliões que se multiplicaram,mas sempre dos povos onde incidia a rapina, e por aquela parte deles quenão tinha sido atingida.É certo que negreiros não eram somente os grandes negociantes dosportos. Eram também os seus agentes que actuavam no interior. Geralmentemulatos e pretos, promovidos a angariadores de escravos, caixeiros viajantes,condutores das caravanas de escravos para a costa. Inteiramente dependentesdos grandes negociantes, seriam eles, até, os maiores agentes dasviolências, brutalidade e sevícias exercidas sobre as massas humanas comque lidavam directamente. Se estes agentes podiam facultar aos grandescomerciantes um certo distanciamento dos escravos, em pessoa, isto emnada contribuía para humanizar os seus sentimentos. Pelo contrário. Amaneira como o negócio se processava, a ânsia insofrida de fortuna que seapresentava de tão fácil consecução, a escória humana que estava na basedos negreiros, tudo contribuía para que, ao longo das costas de Angola ede Moçambique, se estabelecesse uma verdadeira classe de traficantesda pior espécie, despida de quaisquer escrúpulos ou limitações de naturezamoral. E, tanto pior, classe economicamente poderosa, ela mesmoimbricada quando não estabelecida no poder político e na administraçãopública locais. Necessariamente, e pelo menos, com influências junto dopoder central que, aliás, durante a primeira metade do século XIX nuncaesteve em condições de prestar grande atenção aos domínios africanos. Emesmo que o quisesse fazer não dispunha de meios para lá exercer poderpolítico efectivo.2007

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