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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>primeiro problema. Podem dizer-se «senhores» de escravos os negreirosque neles negociavam? Não, certamente, no sentido clássico do termo.Tratava-se de uma classe de negociantes adquirindo, de diversa maneira,mercadoria que uns exportavam e que outros importavam, também estespara revenda. Quanto ao que aqui mais imediatamente nos importa, istoé, os negreiros portugueses das costas africanas e os importadores dosportos brasileiros, estes enquanto dispondo de influência sobre os governosde Lisboa, não se trata, verdadeiramente, de uma classe de plantadores,senhores de escravos produtores. Pura e simplesmente de traficantes, porcujas mãos transitava uma mercadoria humana. Os prazeiros, se aqui foramchamados, foram-no enquanto que a sua evolução permitiu que se tivessepresente a transformação de um status predominantemente senhorialpara outro prevalecentemente de tráfico esclavagista com que o primeiro,de alguma maneira, se autodestruiu. Estes negreiros não dispunhamdos escravos para a produção. Dispunham transitoriamente deles para apermuta sistemática. Sendo embora uma peça fundamental no todo deum sistema, não estabeleciam com os escravos qualquer tipo de relaçãoduradoura, muito menos permanente. Sobre esta qualidade de relaçõesnão será preciso acrescentar grande coisa. Está dito e redito qual era otratamento que recebiam os escravos, vítimas das maiores brutalidades.Se algum fluxo havia dos escravos para os negreiros era o de aqueles, umavez tratados como seres infra-humanos, pior do que o gado doméstico,agravarem, em projecção psicológica, a desumanidade dos traficantes.Estes, já pela sua extracção social, já pela sua prática, despidos de quaisquersentimentos nobres.Já referimos, ao longo do texto, as condições em que era feita a escravaturapara exportação. E como essas condições impediam, liminarmente,as rebeliões dos próprios escravos. Os que escaparam a um barco negreironaufragado na costa de Moçambique, depois de terem morrido perto decem, por escassez de alimentação enforcaram-se todos (311) .Mas se os escravos, normalmente, não se sublevaram, durante o tráfico,fizeram-no frequentemente as populações em cujo seio eles eramrapinados. Já demos notícia da resistência dos macuas, no continente147311 Relato do capitão Luis de Araújo Rosa, 6/Fev./1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 12.E-BOOK CEAUP

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