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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>afirmar que a burguesia portuguesa até à Regeneração, bloqueada pelosproblemas internos, nostálgica do Brasil, alimentasse qualquer projectoconsequente para as colónias africanas. No estádio actual da investigação,o que se pode dizer é que, exceptuando uma ou outra iniciativa tímida, e aformulação de algumas intenções generosas e ideais, a burguesia nacionalse manteve divorciada de África.Por outro lado, algum tipo de ligações se manteria entre capitalistasmetropolitanos e o tráfico da escravatura. Nas pesquisas aturadas, emboralonge de exaustivas, a que procedemos, não encontrámos qualquer indicaçãoconcreta de traficantes directos de escravatura sedeados em Portugal.Não tendo em conta aqueles que regressaram a Portugal, expulsos apósa abolição e mantendo no Rio de Janeiro as suas casas comerciais. Mas aimprensa da época acusa veementemente a existência, em Portugal, dapersistência do tráfico em que estariam envolvidos políticos. Nas primeirasdécadas de oitocentos, em Lisboa, subsistia um poderoso interesseno tráfico da escravatura» (329) . Sá da Bandeira confirma que os principaiscentros «especuladores” do tráfico eram Havana, Rio de Janeiro, NovaIorque, Nova Orleans, Lisboa, Cádis, Barcelona e outras mais praças. O seudecreto de abolição tinha sido «mal recebido nas colónias que exportavamescravos e fortemente contrariado pelos especuladores» (330) . Quererá istodizer que os traficantes propriamente ditos estavam sedeados no Brasile na África, sendo apoiados de Lisboa por capitais eventualmente interessadosno negócio, e certamente por um lobby político? Como vimos,entre os deputados coloniais contavam-se negreiros notórios. De resto,há a ter em conta que já no século XVIII os negreiros da Baía tudo faziampara impedir a intromissão dos capitalistas lisboetas no negócio altamentelucrativo dos escravos (331) .O próprio brigadeiro Marinho, que não se cansa de acusar a conivênciapolítica de Lisboa com os negreiros, afirma peremptoriamente que desse163329 Leslie Bethell, ob. cit., pág. 99.330 Sá da Bandeira, LETTRE ADRESSÉE AU COMTE <strong>DE</strong> GOBLET D’ALVIELLA, Lisboa, 1870, pág. 21. Omesmo Sá da Bandeira, em outro lado, diz não conhecer «em Portugal pessoa alguma que se ocupasseno tráfico. E que o próprio governo britânico jamais tinha acusado qualquer português residente emPortugal. A única suspeita levantada respeitava a uma sociedade de estrangeiros estabelecidos emLisboa. In Tráfico, cit., pág. 25.331 António Carreira, COMPANHIAS POMBALINAS, cit. pág. 186.E-BOOK CEAUP

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