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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela26defrontavam em Portugal três correntes de pensamento económico (28) :A primeira, ligada à sociedade tradicional, define a riqueza pela moedae defende a prossecução da maior quantidade de numerário cunhado emmetais preciosos através do incremento comercial e restrições aduaneiras.Uma posição mercantilista. A segunda, uma fisiocracia de fresca data,atribuindo a riqueza das nações à produção agrícola. Sem pretender aconsagração da ordem existente. A terceira partia de personagens defensoresda primazia das indústrias. Nos fins do século XVIII Azeredo Coutinhodefendeu o florescimento mercantil, Silva Lisboa (1756-1835) teria sidoum dos inspiradores da abertura dos portos ao comércio internacional e,mais tarde (1814-15), Acúrsio das Neves foi o grande defensor da industrialização.O pensamento fisiocrático vem afirmado sobretudo nas MemóriasEconómicas da Academia Real das Ciências de Lisboa, em cinco volumes,publicados entre 1789 e 1815 (29) .Não é menos significativo do que as três correntes apontadas se inscreveremadentro dos grandes princípios do liberalismo económico, o facto deos executores políticos da abolição do tráfico da escravatura estarem próximosda corrente fisiocrática. Um exemplo típico de fisiocrata, Rodriguesde Brito, põe em 1803 no topo da política económica a agricultura, o comérciointerno e externo a seguir e, em último lugar, a indústria. Acusa osportugueses de jamais terem adoptado o sistema agrário mas, por igual,de nunca terem levado um sistema até ao fim: o mercantil que, por duasvezes, nos séculos XVI e XVIII, sucedera ao das conquistas e descobertas,por sua vez subsequente ao militar. Por essa razão Portugal nunca teria,conseguido ser nem nação mercantil, nem manufactureira, nem guerreira,nem agrícola (30) .Portugal atingiu assim o século XIX desprovido de actividade industrialpropriamente dita (31) . Após as invasões francesas, um inquérito revelou a28 Magalhães Godinho, ob. cit., pág. 97.29 Vidé o capitulo A FISIOCRACIA EM PORTUGAL, in Armando Castro, ob. cit., págs. 153 e segs.30 Magalhães Godinho, ob. cit. págs. 111-2.31 César Oliveira, O SOCIALISMO EM PORTUGAL 1850-1900, Porto, 1973, pág. 35. Miriam HalpernPereira, LIVRE CAMBIO E <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO ECONÓMICO PORTUGAL NA SEGUNDA META<strong>DE</strong> <strong>DO</strong>SÉCULO XIX, Lisboa, 1971, pág. 352: Na sequência de «uma estrutura agrária eivada de traços feudais,do fraco crescimento industrial e da existência prévia de uma profunda desigualdade económica entrePortugal e os países seus mercados», acontece que «a escolha nestas circunstâncias de uma política delivre-câmbio, que interrompe o proteccionismo dos primeiros governos liberais, é resultante de uma2007

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