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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>Luís da Silva Viana, pagaria a um jardineiro europeu uma pequena fortunasó para inspeccionar as dúzias de escravos que cuidavam do seu jardim,que era o mais lindo da cidade. A escassa, ou melhor, a total ausência depessoas especializadas em qualquer mester era de tal ordem que o senhorViana se achava na disposição de viajar até ao Rio de Janeiro somente paratirar um dente. Também não havia em Benguela qualquer escola, apesarde ser de 3 000 almas a sua população, «o que em verdade não depunhamuito a favor dos residentes europeus». E não havia mulheres brancas.Falando da ignorância e da falta de apreço dos europeus residentespelas coisas da terra, diz que quando empreendem viagens ao interior nãoo fazem, «com outro intento que não seja o mais nefando de todos, qual ode comprar escravos».Em todo o distrito de Benguela apenas um europeu era inclinado àsbelezas naturais da região, Clemente Joaquim d’Abranches. Era muitoversado em produções do reino vegetal e também o único que exportavatalco e cola de peixe em quantidades consideráveis. Interrogado porquenão aumentava o comércio de tais produtos respondeu que «enquantoexistisse o tráfico da escravatura, este negócio não pagaria nem ao menoso tempo que com ele se consumia; e que enquanto não fosse inteiramenteabolido aquele sistema, qualquer que pudesse ser o intento com o fim decultivar as produções do país, necessariamente abortaria».Em Novo Redondo, a prosperidade do comércio ressentia-se extraordinariamenteda falta de porto e da circunstância, mais desfavorável ainda,de quase todo o negócio se achar nas mãos de um só indivíduo, rico qualoutro Cresus, que dominava toda a povoação. Este monopolista era NicolauTabana. Napolitano de nascimento, mas criminoso português, residia nacosta havia vinte e três anos. Este longo domicílio o havia tornado perfeitamenteinstruído nos usos e costumes dos naturais: e as suas frequentescomunicações com eles, bem como as suas contínuas jornadas pelo interior,o tinham inteiramente familiarizado com o seu idioma. O clima, que tãomaligno era para o geral dos estrangeiros, se lhe tinha tornado tão agradávele apropriado à sua natureza, que receoso dos efeitos de qualquermudança, nunca se havia resolvido a voltar para a Europa, não obstanteo governo português ter desde muito tempo anulado a sua sentença dedesterro. Achava-se ele casado com uma mulata, tinha bastantes filhos e85E-BOOK CEAUP

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