19.08.2015 Views

DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>pequena fidalguia rural do Norte do país (Oliveira de Azeméis) foi parar aMoçambique, condenado a degredo por acusações do próprio pai. O quenão impediu que lá fizesse a carreira militar e chegasse a governador deQuelimane onde esteve, num primeiro período, de 1814 a 1820. Criou aalfândega local e este porto passou a ser o grande exportador de escravos,o único «benefício» que retirou da abertura. Em 1817, foram ali construídosos brigues de longo curso: «S. Marcos», arqueado em 450 escravos;«Constitucional Africano», em 780; «Nossa Senhora da Guia Morgada doAlmeo», em 548; e a galera «Philonela», em 700. Passaram a fazer carreirapara o Brasil e para a Índia (220) . Além dessa curiosidade reveladora, daarqueação dada em escravos, há a anotar que se tratava da capacidademáxima geralmente utilizada pelos negreiros da época nos seus transportes,De 1814 a 1820 saíram do porto de Quelimane 15 055 escravos comos destinos seguintes: 7 497 para o Rio de Janeiro; 2 678 para a Baia e 4800 para Pernambuco. Além destes, mais 3 267 que foram a Moçambiquee lá pagaram os direitos. Cumulativamente, em 1814, foi o primeiro naviodirectamente do Rio de Janeiro a Quelimane e em 1815 mais dois, queainda foram a Moçambique. Mas depois passaram a ir seis ou sete por ano,directamente ao porto zambeziano. Número sempre superior ao dos queiam a Moçambique (221) . Cirne conseguira, assim, desviar a predominânciado comércio marítimo, da capital para Quelimane, com base no tráficonegreiro. Entre o governador-geral, Xavier Botelho, e Cirne desencadeou-sepor isso uma longa controvérsia, da maior agressividade. E é o primeiroque nos informa que, por tal razão, ao fechar o primeiro quartel do século,a capital estava em ruínas. Das 26 embarcações de outrora, restavam três,duas das quais propriedade de baneanes. Estes monopolizavam de novotodo o comércio. Entretanto, em Quelimane e em Sena, «enganados com olucro pronto e fácil da escravatura, trocaram por este comércio os trabalhosdo campo e puseram em prática as extorsões e violências que cometemos cafres para se apoderarem dos géneros alheios, chegando ao ponto devenderem os colonos dos prazos da Coroa como se fossem escravos seus,ficando as terras abandonadas» (222) .115220 Filipe Gastão de Almeida de Eça, <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>GREDA<strong>DO</strong> A GOVERNA<strong>DO</strong>R, Lisboa, 1950, pág. 35.221 Xavier Botelho a Subserra, 30/12/1825, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 24.222 Idem, ibidem.E-BOOK CEAUP

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!