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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela94senhores. Conquista que, no século XVII, conheceu o seu período áureo.O padre Manuel Barreto, que escreveu em 1667, dizia que a Zambézia serepartia «em vários territórios ou distritos, com os seus próprios nomes edemarcações, os quais territórios antigamente possuíam próprios fumos,ou régulos cafres, a quem os portugueses os foram conquistando por váriasocasiões...». De um dos novos senhores dizia ele que tinha «um tratamentode príncipe na sua pessoa e casa». Barreto considerava-os verdadeirossenhores feudais, com todos os poderes e proveitos inerentes, sucedendo,no poder e jurisdição, aos fumos (175) .No entanto, o novo senhorio não afectou as instituições tradicionais, aoutro nível. Dentro dos prazos, havia quatro grupos sociais, sendo o principalo dos colonos, na sua maioria descendendo dos habitantes indígenas,os seus escravos domésticos conhecidos por akaporo, os prazeiros e osseus escravos. A uma primeira fase de conquista, sucederam-se as doaçõesrégias. E surgem, entre os prazeiros, nomes da nobreza portuguesa.Outros, uma vez adquirido o poderio e a riqueza, inscrevem, como petiçãomaior, o hábito da Ordem de Cristo e o enobrecimento. Assim se formouuma verdadeira classe senhorial, em que predominavam velhas famílias,elite a que novos prazeiros, com espírito empreendedor, se vieram juntarao longo do século XVIII, atribuindo-lhe renovado poder e prestígio. Adimensão limitada desta classe senhorial obrigava a matrimónios dentrodo seu circuito fechado, provocando a acumulação de enormes fortunas.Acumulação acelerada, dado o elevado grau de mortalidade devido àsdoenças tropicais. Essa acumulação de fortunas tornou-se flagrante nasdonas zambezianas, resistentes ao clima e multiplicando os seus casamentosaté idade avançada (176) .Um dos exemplos é o de D. Catharina de Faria Leytão que, «sem embargode passar de noventa anos casava dois anos antes da sua morte comum sujeito de Moçambique chamado Ignacio de Melo e Alvim», a quemfez herdeiro universal (177) . Esta prazeira «com alguma cousa de mulata»era senhora de várias terras em: Quelimane do Sal, com o comprimento175 Ernesto de Vilhena, ob. cit., pág. 19.176 Isaacman, ob. cit., págs. 43 e segs.177 João Baptista de Montaury, C. de 1778, in António Alberto de Andrade, RELAÇÕES <strong>DE</strong> MOÇAMBIQUESETECENTISTA, Lisboa, MCMLV, pág. 367.2007

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