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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capelado tráfico da escravatura pelo tratado de 1815, sugerem a utilização dosrecursos mais convenientes para se recuperar tal comércio. E propõem,então, a criação de duas companhias, uma na costa ocidental e outra nacosta oriental de África, às quais fosse dado o exclusivo de todos os produtosnovos de indústria, ou naturais, que pudessem exportar. Consideravam,porém, tal iniciativa como «incerta, dispendiosa e arriscada» e impossívelde realizar individualmente Mas companhias bem dirigidas poderiamobter de África o que provinha do Brasil e ainda produtos que lhe erampeculiares, como o óleo de palma, ferro, marfim, cola, etc (91) .Se é certo que tal sugestão dá bem ideia da consciência que os comerciantesde Lisboa tinham acerca das dificuldades e contradições com que sedeparavam, já é mais problemático admitir que estivessem dispostos, desdelogo, a reconverter a exploração comercial, virando-a para a África O queé confirmado pela discussão durante o funcionamento das Constituintes,onde a recuperação do mercado do Brasil tomou aspectos de obsessão5291 Idem, pág. 10.A luta da burguesia mercantil portuguesa pela manutenção do mercado brasileiro prolongar-se-ia muitopara além da independência do Brasil e foi uma constante antes e depois de 1820, das representaçõesda classe junto da Coroa e dos governos. Numa delas, de 14 de Dezembro de 1825, os negociantes efabricantes da praça de Lisboa estavam a reclamar junto do Rei o retorno à metrópole do comércio dacosta de África desviado para o Brasil. Este comércio tinha sido «um dos mais lucrativos e vantajososdestes Reinos», mas «veio de todo a trasladar-se ao Brasil, onde as relações que produzia então a novametrópole, duplicamente aí o atraiu: no reinado do sr. D. João V de gloriosa memória como é notório,a quem passou as folhas e notícias do tempo, passava de mais de 30 navios os que a praça de Lisboaanualmente despachava só para Angola, deixando os mais portos da Costa Ocidental de África, o quefazia um equivalente ao terço do comércio total que nessa época feliz se fazia para o Brasil».A guerra com os holandeses privara os exportadores portugueses não só dos mercados da Áfricacomo depois se deu a interrupção do comércio com o Brasil, devido às desordens constantes nosseus portos que impedia estes também de transaccionar com Angola. Nesta emergência, a praça deLisboa tentou investir na restauração do comércio com a África. Na concorrência porém «vai conhecidaperda pela igualdade em que ao momento se acham com o comércio britânico que não pagammais dos mesmos 15 por cento estipulados no dito Tratado a favor de Portugal mas o que há mais, otráfico que os suplicantes vinham de abrir com Angola e portos de África de todo perecerá uma vezque ao menos se não faça então extensivo em seu auxílio para os ditos portos, o mencionado tratadoconsiderando-se o Brasil Independente. Reino separado toda a razão se dava e haveria para que fosseproibida a sua navegação para aqueles portos bem como é para todas as outras nações estrangeiras...».Alegam mais os comerciantes não poderem concorrer com os produtos idos do Brasil, porque mesmoaqueles que provinham do Norte da Europa eram muito mais favorecidos no Brasil quanto a direitos,baldeação, etc., do que em Lisboa. Chegavam mesmo a ser reembarcados para África com prejuízo,este a ser coberto com produtos de retorno. E concluíam: «Isto é conhecido, e isto é palpável, bemcomo a todo o discreto juízo e será que as fábricas do Reino, e ofícios mecânicos... virão a morrerde todo». In Manuel dos Anjos da Silva Rebelo, RELAÇÕES ENTRE ANGOLA E BRASIL 1808-1830,Lisboa, MCMLXX, págs. 421 e segs.2007

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