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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela154Os ingleses, que já em 1826 tinham intervido militarmente, a solicitaçãode Palmela, anglófilo, voltaram a fazê-lo. Canning, no Parlamento, afirmaraque, arvorado o pavilhão britânico em Lisboa, não haveria dominaçãoestrangeira, aí, onde ele flutuasse (320) .Foi dentro desta crise e manifesta dependência de Portugal relativamenteà Inglaterra que o duque de Palmela reiniciou as negociações comlord Walden, em 1836, para fixação de um tratado no seguimento do estipuladona convenção de 1815 e adicional de 1817, segundo o que Portugale a Inglaterra se obrigavam a fixar para nova convenção a data da aboliçãototal do tráfico tanto ao norte como ao sul do Equador.Ora Palmela, então ministro de Portugal em Londres, fora exactamentequem assinara a convenção adicional de 1817. O que fez após «um grandereceio e hesitação», isto é, sob a pressão inglesa. Durante o ano de 1819informou várias vezes o governo, no Brasil, que o tráfico acabaria maiscedo ou mais tarde e que a Inglaterra se preparava para adoptar medidas,incluindo a da força, para a sua supressão. Em 1823, chefe do governo,comunicando com os representantes britânicos, concordava ter chegado otempo de acabar com o tráfico e que Portugal poderia vir a desinteressar-sedele no caso da independência do Brasil vir a ser um facto. Mas consideravaprematuro que a abolição, ao abrigo dos acordos existentes, fosse feita àcusta dos outros com reconhecimento da independência brasileira (321) .Nesta altura, ainda em Portugal se admitia a hipótese de não perder oBrasil. A escravatura das colónias africanas era necessária ao Brasil. EmboraD. Pedro e os que lhe estavam próximos afirmassem que não tinham pretensõessobre as colónias africanas, o que é certo é que assim não pensariamplantadores e traficantes, as forças económicas mais poderosas do novopaís. A Inglaterra tinha todo o interesse em reconhecer a independênciamas condicionava-a à abolição do tráfico. Se o governo de Lisboa admitisseque o fornecimento de escravos africanos era boa pressão sobre o Brasil,que se poderia ver privado deles com a independência - de que meiosdisporia Portugal para executar a retaliação, de mais a mais retaliaçãofeita sobre as poderosas burguesias que estavam em tal negócio e que, na320 Sideri, ob. cit., pág. 143.321 Lesbie Bethell, ob. cit., págs. 18, 21, 22, 28 e 29.2007

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