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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>governador e seus protegidos se assenhorearam do monopólio, vendendocaras as mercadorias e comprando baratos os escravos, etc. Procuravaprovar, com números, que a ida a Moçambique dos barcos resultava emgrande prejuízo para a Fazenda Real; e que se a admissão de navios emQuelimane, outrora para os escravos, agora que o negócio destes ia serproibido, com maioria de razão se justificava. Porque as riquezas naturais,como o ouro e marfim, que só iam para a Ásia, podiam passar a ir paraPortugal e seus domínios (233) . Tudo indica que Cirne era um tipo da piorespécie e que os seus interesses e actividades estavam inteiramente voltadospara os negócios da escravatura. As suas acusações têm portanto de serencaradas com sérias reservas. No entanto, uma informação do ConselhoUltramarino, de 10 de Setembro de 1830, dizia ser «tão grande o númerode arbitrariedades, excessos de autoridade e desobediências praticadaspelo dito Sebastião Xavier Botelho» que sugerem dever o Rei fazer-lheconstar o seu desagrado (234) .Vários factores houve que contribuíram muito particularmente paraexcitar o tráfico de escravos de Moçambique. A independência do Brasilfoi um deles. Como o seu reconhecimento pela Inglaterra esteve semprecondicionado à abolição do tráfico, em total oposição aos interesses brasileirosque dependiam da mão-de-obra escrava, veio tal contradição aincentivar uma corrida acelerada aos escravos africanos. Como, por suavez, os comerciantes de Moçambique se tinham deixado absorver inteiramentepelos lucros fáceis do mesmo negócio, a breve trecho brasileiros emoçambicanos coincidiam em sentimentos de independência relativamentea Portugal, condição que entendiam facilitar-lhes a consecução dos seusinteresses imediatos.O ex-governador Botelho, em 1832, estava a acusar Cirne de quererfazer o mesmo que se tinha feito em Moçambique em 1821. Esta provínciaestivera em rebelião e a capitania dos Rios de Sena, entrou nela, contrao Reino, querendo entregar-se ao Brasil, e não cumprindo as ordens dogoverno provisório. O que se pretendia, então e agora, era a autonomiaque permitisse aos governadores distribuir os prazos a seu belo talante e119233 Cirne a Conde de Basto, 6/Dez./1829, A. H. U., Moç., Maço 10.234 A. H. U., Avs. de Moç., Maço 13.E-BOOK CEAUP

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