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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>crimes e abominações de toda a ordem passaram a ser o pão nosso de cadadia, outros o precederam e criaram condições propiciadoras de tal regressão.Por exemplo, ao mesmo tempo que Moçambique obtinha a sua independênciaadministrativa relativamente à Índia, recebia em 1752 um reforçomilitar de 376 oficiais e praças. Estas tropas, além de soldados voluntários,eram compostas na sua maior parte por degredados condenados empenas até à morte ou de anos (205) . Quando Pombal elevou à categoria devilas Moçambique, Quelimane, Sofala, Inhambane, Sena, Tete, Zumbo eManica, apenas na capital foi possível organizar a Câmara Municipal, porfalta de pessoas capazes ou de recursos nas restantes localidades. Segundoa informação de Montaury (206) , de 1778, o provedor da Fazenda Real eraum dos homens mais ricos mas que não sabia ler nem escrever. O provedorda Alfândega tinha a mais do que aquele apenas o saber desenhar muitomal o seu nome. Nessa altura, o governador admitia no porto navios dasMaurícias e de Bourbon, com o pretexto de água aberta. Os barcos iam àcarga de escravos, ouro e marfim. O que pagavam aos naturais com armase pólvora. E aos restantes com patacas espanholas. Esta moeda tomava-atoda o governador, a quatro cruzados a pataca, marcava-a e fazia-a correr aseis cruzados, tornando o seu curso obrigatório. Os barcos estrangeiros estavamproibidos de entrar no porto e ele não tinha autorização para cunharmoeda. Era pura usura privada. Não satisfeito com isso, ainda mandava àsMaurícias barcos com escravos, a serem pagos com patacas. Um governadordo Ibo, José da Costa Portugal, foi sindicado, tendo o sindicante calculadoque a Fazenda Real fora defraudada em 350 000 cruzados desde que, em1786, se começara a negociar em Cabo Delgado. O governador tinha, nadamais nada menos, formado com outros uma companhia particular quecomerciava marfim, fazendas e escravos (207) .Pereira do Lago, elogiando um secretário do Governo-Geral, que morreupobre, em 1765, louva-o pelo «préstimo, capacidade e limpeza de mãos (…)raridade de procedimento que aqui se admira, como cousa nunca vista». Epara sua substituição «não havendo um só para donde me possa virar» (208) .109205 Fritz Hoppe, ob. cit., pág. 68.206 In Andrade, ob. cit., págs. 347 e segs.207 Alexandre Lobato, HISTÓRIA <strong>DO</strong> PRESÍDIO <strong>DE</strong> LOURENÇO MARQUES, Lisboa, 1949, pág. 110.208 In Andrade, ob. cit., pág. 452.E-BOOK CEAUP

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