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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>mesma memória, se vê que em Tete havia nove casas das quais a mais ricaera senhora de 2 000 escravos e a mais pobre de 100; três delas tinham,respectivamente, 1 000, 1 200 e 1 600; uma 600 e as outras duas, uma200 e outra 300. Em Quelimane, além da mencionada casa de D. Catarina,havia ainda a do feitor do porto, com vinte a trinta escravos; e várias outrascom escravaria que ia dos 40 aos 500, em número.Por sua vez, Montaury, descrevendo as habitações dos senhores daZambézia, um tanto mais tarde (1778), diz dos moradores de Quelimane,uns vinte, serem «ricos, e bem estabelecidos e de alguns canarins (186) emulatos do país» (187) . As casas eram construídas com materiais da terrae «ornadas com móveis ricos, e de luxo». As casas de Sena, porém, erammelhores que as de Quelimane, mais luxuosamente mobiladas, mais ricas.Dizia o cronista haver nesta vila «considerável luxo, tanto no trato, comono vestir». Em Tete, havia menos moradores que em Sena mas mais do queem Quelimane; as casas eram de pedra, dada a abundância deste materialna região; «são a maior parte cobertas de telha, reina o mesmo luxo queem Sena, tanto no trato como ornato das casas» (188) . Miranda descreve avida dos europeus como sendo «todo afidalgado desde o mais ínfimo até omais superior. Desprezam os seus ofícios quando com eles podiam passaralegremente a vida; casam com algumas senhoras naturais e outras quede Goa descendem: e como todas são possuidoras de terras e fâmulos,jamais cuidam em a cultivação delas ou na boa disciplina daqueles (...).Quase todos dizem que descendem de progenitores ilustres e fidalgostitulares; mas são as suas acções humildes». A prática da mancebia tomavaproporções enormes, tendo alguns, de portas adentro, verdadeirosharens de cem e mais escravas para esse efeito e que, morrendo, deixavamcativas. Davam-se ao jogo até à ruína. Para as mais pequenas distânciasutilizavam a machila. Quanto às mulheres, fossem elas europeias, filhasda terra, ou goesas, diz Miranda, eram comumemente «altivas e de condiçãosoberba». E sem excepção davam-se dons e senhorias. Passavam todoo tempo em frivolidades e tinham à sua disposição 40, 50 e mais escravas97186 Termo depreciativo para designar os goeses. Sobre a sua história e significado, vide C. R. Boxer, RACERELATIONS, cit., pág. 84.187 In Andrade, ob. cit., pág. 355.188 Alexandre Lobato, ASPECTOS <strong>DE</strong> MOÇAMBIQUE NO ANTIGO REGIME COLONIAL, Lisboa, 1953, pág. 19.E-BOOK CEAUP

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