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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela90medida havia de trazer para Angola ruína maior que a que trouxera, ainvasão dos bárbaros na Europa»: que o princípio era justo, mas a execuçãodele em Angola acarretaria consequências terríveis porque o gentiomataria anualmente milhares de pretos; que quanto ao decreto de 29 deAbril de 1858, a acabar com a escravatura, traria grandes males, uma vezque os escravos não estavam preparado para receber proveitosamente aliberdade; só o dar-lhes o foro de livres, seria um mal para eles; e que se adeterminação se efectivasse, fosse Sá da Bandeira para Angola executá-la...O vice-presidente da Junta afirmou que os escravos até preferiam aquelacondição à de livres!... (168) .Por sua vez a Associação Comercial de Luanda, a 11 de Maio de 1865,alegava que a abolição da escravidão traria transtornos incalculáveis; quesó com a notícia do decreto fora o desânimo geral; que o cativeiro actual atéera suave e consequentemente tendia a tornar o preto útil; que era proveitosopara os pretos, pois morreriam à fome se os sobas não tivessem quemlhos comprasse; finalmente, que a abolição seria a ruína da agricultura,da indústria e a perda definitiva de Angola. A colónia em peso (referimo--nos a europeus residentes, claro está) levantou-as contra a abolição. Asexposições chegavam de Benguela, Colungo Alto, Pungo Andongo, etc.,com toda a sorte de argumentos (169) .Estas últimas reacções referem-se já à abolição da escravatura e não dotráfico, embora este subsistisse e viesse a tomar novo incremento com o casoque ficou conhecido como dos serviçais de S. Tomé. Mas prova a permanênciade uma mentalidade fortemente arreigada que, verdadeiramente,jamais desapareceria até ao fim do colonialismo. Desta mentalidade, longae radicalmente formada no tráfico da escravatura, saía o àvontade comque se aplicava sobre os escravos toda a forma de violência, o profundodesprezo que prevaleceu contra os negros, da parte dos brancos, numapalavra, o racismo sob todas as suas formas de manifestação. O que nãoera exclusivo das classes dominantes coloniais mas que se projectava atéà metrópole e tinha expressão nos próprios governantes: Mello e Castroescreveria que «...os Mussues, ou outras quaisquer castas de Gentios, que168 Sá da Bandeira, O TRABALHO RURAL AFRICANO, cit., págs. 27-28.169 Idem, ibidem.2007

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