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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capelacomércio britânico, a ocupação do equador, a saber: Bissau, Cacheu, ilhasde Cabo Verde e de S. Tomé e Príncipe; indicavam ainda como o governopoderia retê-las por tempo indefinido e fazê-lo sem motivos aparentes deambição ou avareza (346) .Se, de facto, o maior obstáculo à política abolicionista de Sá da Bandeiranão estava em Lisboa, estava, certamente, nas colónias africanas capazesde se subtraírem ao domínio português. Era não só o poder político eeconómico local inteiramente concentrado nas mãos dos negreiros que,com a extinção do tráfico, ficariam sem o único grande negócio existente.Sobre o que isto representaria como influência nas decisões de Lisboa,acrescia o que, indubitavelmente, provinha do grande peso dos negreirosradicados no Brasil. Certamente, de entre todos, os portugueses mais ricos,frequentando a capital portuguesa, e aí dispondo das influências fáceis deobter pelo seu dinheiro. O que não ultrapassa a mera suposição, dada atotal carência de quaisquer quantificações e informações a esse respeito.Seria do maior interesse e proveito estudar o que foi o impacto na sociedadeportuguesa dos brasileiros de torna-viagem nesse período e cuja presençaem algumas províncias do Norte de Portugal ainda hoje está perfeitamenteassinalada por uma impressionante profusão de palácios e mansões detraça inconfundível, traduzindo plasticamente a espaventosa classe denovos ricos, com fortunas fora do comum, que os ergueu. Para um períodojá tão tardio como 1850, o cônsul britânico do Rio de Janeiro informava168346 Sá da Bandeira citado por Rodrigues de Freitas no artigo O MAJOR QUILLINAN E JACOB BRIGTHin A PÁTRIA A LUIZ QUILLINAN, Porto, 1884, pág. 217.Desde que a Serra Leoa, em 1808, se tornou a base das patrulhas britânicas que fiscalizavam o tráficonegreiro, aí eram libertados os escravos apreendidos ou de contrabando. Aí também adquiriamcostumes europeus que, em muitos casos, levavam para as suas terras. Os ingleses viram, nesseprocesso, a melhor maneira de exercer a sua influência e na ocupação das costas a mais expeditapara evitar o tráfico. Em 1821, os fortes da Costa do Ouro passaram dos comerciantes que os controlavampara o Colonial Office. Simultaneamente, a Inglaterra aderia ao livre-cambismo e os grandesencargos com as costas africanas pareciam sem justificação possível. Abandonou alguns postos masveio a encontrar novos motivos de negócio no delta do Níger. Quando, em 1849, o Foreign Officecomeçou a mandar cônsules para o golfo da Guiné, estes, para além de uma fiscalização do tráficoda escravatura, foram harmonizando localmente os interesses económicos ingleses. Em 1851, Lagosfoi capturada e dez anos mais tarde era colónia britânica. Tudo se encaminhava para a extensão daadministração britânica ao longo da Costa. In Roland Oliver e J. D. Fage, A SHORT HISTORY OFAFRICA, Penguin Books, 1973, págs. 159 e segs.Hobsbawm (ob. cit., pág. 136) é de opinião que a Grã-Bretanha preferia postos costeiros a partir dosquais pudesse controlar o negócio mundial a uma ocupação de administração custosa, com excepçãoda Índia. A fiscalização do tráfico negreiro facilitou-lhe as intenções.2007

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