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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José CapelaSe pode aceitar-se como líquido que, para as gerações seguintes, a ruínacomercial e industrial de Portugal se ficou a dever à abertura dos portose ao tratado de <strong>1810</strong>, e que as próprias invasões francesas, com os efeitosdevastadores que tiveram, nem sempre são levadas em conta, não podemosno entanto deixar de considerar outros factor, se quisermos agoraultrapassar a anglofobia de então.Não podendo deixar de chamar a atenção para tal facto, o que aquinos importa, porém, é analisar a concomitância da alteração profunda dosistema colonial vigorante com a primeira medida abolicionista que atingiaos traficantes portugueses de escravos. Ao mesmo tempo que os inglesesimpõem restrições à importação de escravos para o Brasil (o príncipe portuguêsdispõe-se a «cooperar» com Sua Majestade Britânica) assenhoreiam-sedo mais e do melhor do comércio colonial.A propósito de não se notar grande diferença nas importações de lanifíciosentre os 4-5 anos que precederam a invasão e os que se lhe seguiram,Acúrsio das Neves salienta o facto de não se poder considerar quetudo continuava na mesma: e que «naquele tempo reexportávamos paraos estados ultramarinos a maior, ou uma grande parte dos lanifícios querecebíamos do estrangeiro, porque éramos nós que exclusivamente osabastecíamos, lucrando sobre estas remessas, além dos outros ganhosusuais no comércio, os fretes e as comissões; agora, porém, quase tudo épara o consumo de Portugal; porque o Brasil os recebe directamente dasnações estrangeiras» (48) . O Brasil representara cerca de cinco sextos nomovimento geral das exportações portuguesas.34e seda preparadas nas nossas oficinas, gatões de ouro e prata, chapéus, fazendas de linho, ferragens,e outros objectos de metal, veludo, etc., os quais desde 1796 até 1808, isto é, em 13 anos, derama Portugal a soma total de oitenta e quatro milhões, setecentos e cinquenta e oito cruzados; e nos11 anos posteriores, desde a fatal e desnecessária emigração da Família Real para o Brasil (aconselhadapela nossa fiel aliada) até 1816, deu somente a Portugal, a soma de vinte e um milhões,novecentos e dezanove mil e quinhentos cruzados! Pelo resultado destas somas, se pode conhecer,quanto diminuiu o nosso comércio e abateu a nossa indústria, desde que os nossos Amigos os Srs.Ingleses, principiaram a ter livre entrada nos portos de nossos domínios por concessão do nossoRei o sr. D. João VI! A diminuição, ou para melhor dizer, a completa privação dos artigos de nossaindústria, produto de nosso trabalho principalmente das nossas Províncias do Norte e laboriosíssimase activas e que podem servir de modelo às outras do Reino, foi necessariamente sentida... ».In MEMÓRIA HISTÓRICA ÀCERCA DA PÉRFIDA E TRAIÇOEIRA AMIZA<strong>DE</strong> INGLEZA... por F. A. deS. C., Porto, 1840, págs. 56-7.48 José Acúrsio das Neves, ob. cit., pág. 58.2007

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