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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela174Os projectos, tímidos e ideais, de companhias para a exploração inovadorade África, esbarravam com a falta de capitais, sim, mas sobretudocom a falta de confiança naquilo em que, de resto, não tinham motivosespeciais para acreditar. Acabado o negócio dos escravos, saídos dos portosos comerciantes mais ricos e empreendedores, que restava? Sem navegação,sem produção, de que dispunham os comerciantes de Lisboa e do Portopara exportar para África? Se assim veio a ser no período imediatamentesubsequente às medidas que visavam a extinção do tráfico da escravatura,por que razão havia a classe dominante de exigir a sua abolição? Nemseria preciso desenvolver tal raciocínio, sabido como é até que ponto elase lhe opôs.Torna-se pois por demais evidente que tanto os setembristas como oscartistas que os sucederam no poder agiram tão somente às ordens daInglaterra. O que verdadeiramente não podiam deixar de fazer, pois eraprecisamente o momento em que a maior potência naval atacava o transportede escravos em todas as frentes, incluindo as diplomáticas, e nãohesitava quanto aos meios a utilizar para levar a efeito aquilo que, então,além de ser uma exigência moral veiculada por grandes campanhas dentrodo país, se tinha transformado também em condição de viabilidade paraa sua economia em expansão acelerada. Aos portugueses nem sequer foipossível retirar das negociações as contrapartidas, inclusive comerciais,com que julgaram possível minorar os efeitos políticos e materiais dasinevitáveis cedências à Inglaterra toda poderosa. Abolição do tráfico contraremoção de cláusulas gravosas para as exportações portuguesas e garantiaspara a integridade dos territórios ultramarinos, etc., foram sugestões detroca a que os ingleses nunca cederam.Do lado português acrescia uma contradição bem peculiar. No desertode uma mentalidade anti-esclavagista inexistente, aparecia Sá daBandeira com aquilo que Oliveira Martins classificou de «mania». Masse Sá da Bandeira era um obcecado anti-esclavagista, do que não é legítimoduvidar, procedendo como procedeu, mais evidentes se tornamas sujeições objectivas de que era vítima, sem espaço de manobra paraconciliar as suas convicções com as exigências do governo inglês. Que éque o impedia? Ele disse-o claramente. Eram os negreiros e a classe política.Era, efectivamente, a condição de um país expressa através das suas2007

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