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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela124Não há dúvida que o aviso da cessação do tráfico de escravos por partedos brasileiros provocou grande perturbação em Moçambique, como nãopodia deixar de ser. O governador Brito dizia para Lisboa que Moçambiqueia ficar completamente arruinado, a menos que não se povoasse e fomentassea exploração das suas riquezas. Porque tudo estivera, até aí, dependentedo comércio da escravatura: «o qual atrai aos portos da capitania, navios,gente, dinheiro, géneros e transacções comerciais, por meio de tudo oque também se exportavam do país os géneros da sua produção e da suaindústria peculiar e se aumentavam muito as rendas reais» (248) .Por sua vez, o governador de Quelimane, dois meses antes, informava ogovernador-geral que, muito a seu desprazer, impedira a entrada à galera«Conde do Rio Pardo». Havia apenas uma embarcação a carregar escravosquando, na vila, havia mais de três ou quatro mil, sem ninguém queos comprasse. Não havia numerário porque todo tinha sido aplicado emfazendas que se destinavam à procura de mais escravos no interior, dadoque sendo o último ano em que o tráfico seria permitido, toda a gente tinhainvestido o máximo no negócio, na expectativa de um grande número debarcos que viriam ao porto. Falava de providências a tomar «quando não,adeus capitania dos Rios de Sena» (249) .Pela mesma altura a própria Fazenda Real, além dos governadores,funcionários públicos e magistrados, também ela não desdenhava donegócio. O próprio Miguel de Brito fretou o brigue estatal «D. Estevãode Ataíde» a um negreiro impossibilitado de navegar com o seu barco (250)tal como barcos de guerra que andaram no tráfico por conta da própriaFazenda. Foi o caso da charrua «Afonso de Albuquerque» que, numa alturaem que Moçambique se queixava da falta de barcos de guerra, estavaocupada no tráfico de escravos para o Brasil (251) . Fazia-o com autorizaçãoexpressa do governador de Goa e, alegava o governador de Moçambique,além do mais podia acontecer que a charrua viesse a ser interceptadapor uma embarcação dos patrulhas britânicos. Esse governador da Índia248 Gov.-Geral a Conde de Basto, 10/Jan./1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 18.249 Cirne a Gov.-Geral, 21/Nov./1829, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 18.250 Paulo de Brito a Conde de Basto, 10/Julho/1830, A. H. U., Moç., Maço 18.251 Gov.-Geral a Min. da Mar., 1829, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 7.2007

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