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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>do século, o que é a mesma coisa que dizer durante um período em quePortugal não exercia efectivo domínio sobre o território. José Maria Matôzode Andrade Câmara, de uma família que estava em Angola pelo menosdesde os princípios do século XVIII, teve um conflito com o governadorPedro Alexandrino da Cunha, por estar metido no tráfico clandestino deescravos para o Brasil, de sociedade com Augusto Garrido. Foi pronunciadoem 11 de Janeiro de 1847 por contravenção ao decreto de 10 de Dezembrode 1836. Ele e Augusto Garrido foram, por esse motivo, exonerados daComissão Administrativa da Santa Casa da Misericórdia, lugares ocupados,certamente, por cidadãos de entre os mais em evidência na cidade. «Foihomem muito rico e poderoso, gozando de enorme influência na Província,no Brasil, e até em Portugal» (145) . Seu pai, Inocêncio Matôzo de Andradee Câmara, fora presidente da Câmara de Luanda em 1822, e foi ele querecusou o convite do Brasil para que Angola aderisse à sua causa.Muitos outros testemunhos se poderiam aduzir, confirmando a imbricaçãodas burguesias sedeadas nos portos angolanos e brasileiros e, se bemque nos não seja possível quantificar ou sequer esboçar a parte que tinhanos negócios processados entre as costas africanas e atlântica a burguesiade Lisboa, uma coisa é certa: os esclavagistas angolanos, se sofriam dedependência, esta residia nas relações com o Brasil e, de muito pouca ou nenhumamonta era relativamente a Portugal. Da metrópole europeia apenaspoderiam sentir a dependência política, e quando aquela pudesse exerceruma jurisdição efectiva. De resto, as ligações directas com o Brasil eramas ligações naturais, não apenas de tráfego comercial, como de todas ascomunicações que, a caminho e no retorno da Ásia e da África lá tocavam.Em 1835, o melhor encaminhamento da correspondência de Lisboa paraAngola era via Pernambuco e Rio de Janeiro. E para S. Tomé, pela Baía (146) .77145 Alberto Lamas, NÓTULAS HISTÓRICAS, Luanda, 1969, págs. 189-91, cit., in ANGOLANA II, Lisboae Luanda, 1971, pág. 485.146 A. H. U., Papéis de Sá da Bandeira, Maço 3. Em 1825, era manifesto o alarme de Luanda perante ahipótese de perder o negócio da escravatura para o Brasil. Dizia o governador para Lisboa que perante«a conjuntura em que talvez vão tomar deliberações, ou a formar-se convenções sobre a escravatura, esobre a consideração política que deve tomar o Brasil: tem publicado as gazetas do Rio de Janeiro queem Londres trabalham os comissionados portugueses e brasileiros protegidos pelo ministério inglêsem ajustes pacificadores. Depois de insistir na desgraça total que seria para Angola a extinção de talnegócio sugere uma maneira de tornear o que se vê claramente ser a pressão inglesa: «Convindo poisaos interesses da humanidade e aos da Nação Portuguesa o comércio da escravatura sendo talvez deE-BOOK CEAUP

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