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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela86netos, e a sua fortuna era avaliada em 20 000 000 de piastras (40 milhõesde cruzados, pouco mais ou menos). Este comerciante tinha sucursais eempregados para o sul de Novo Redondo, nas povoações entre esta e a deBenguela. Tinha ainda uma milícia permanente de 25 soldados armados.O pátio da sua casa tinha uma grande porção de pequenos edifícios paraarmazéns e muitos estavam cheios de marfim. Nos altos e sólidos muros querodeavam o pátio viam-se cadeias e argolas de ferro destinadas a castigoe encadeamento de escravos.Dos nove ou dez europeus de Novo Redondo, seis eram naturais deItália. Para ali tinham sido degredados, em 1818, numa leva de vinte e trêsou vinte e quatro italianos, e dos quais alguns já tinham morrido. Haviaosparricidas. Quase todos tinham adquirido fortuna suficiente para vivercomodamente na Europa. O aspecto e a falta de cultura indicavam «a suabaixa origem». Só um deles sabia escrever no próprio idioma.No porto de Luanda, os barcos demoravam-se muito pouco tempo porqueempregando-se a maior parte deles na exportação de escravos eramdespachados pelos donos residentes na cidade o mais rapidamente possível.Instalado na casa do médico, Tams descreve-a bem como à vida que levavao clínico. Havia numerosos escravos, criados e escravas que assistiam amulher, em mansão espaçosa e ricamente mobilada. Fala de um europeu,negreiro, que viajava a cavalo, sempre acompanhado por um criado branco,igualmente montado. Os escravos eram constantemente castigadose... «A ideia que prevalecia quase geralmente neste país, de que os negrosmão eram homens, mas - macacos - como usualmente lhes chamavamos portugueses, seria, talvez, a causa principal porque os escravos só emmuitas raras ocasiões encontravam algum tratamento mais humano daparte dos europeus».Contrasta este tipo de tratamento com o dos que, tanto em Benguelacomo em Luanda, tendo primeiramente sido escravos, se transformaramdepois em senhores e traficantes. Cita o caso de D. Ana Oberthali que tinha«nascido no interior de África, e havia sido trazida como escrava paraLuanda, onde vivia então com pompa, manejando um próspero negóciode escravatura». É já proverbial o retrato que Tams deixou da sociedade deLuanda no baile que semanalmente o governador oferecia aos «principaishabitantes que tinham a fortuna de se não acharem separados da estima de2007

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