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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela164negócio nada aproveitava a Portugal porque sendo eles, os negreiros, emgrande parte de nascimento português, estavam no Brasil e para lá faziamreverter todos os lucros, só se lembrando da Pátria quando precisavam dasua protecção (332) . Portanto, o mais que a este respeito se pode dizer comsegurança, é que mesmo que em Lisboa não houvesse interesses no tráficodos escravos, também não havia nenhuma oposição contra ele, bem pelocontrário. Exceptuando alguns governantes setembristas.Que Sá da Bandeira, ao publicar o Decreto, não agia em conformidadecom nenhuma das fracções da burguesia nacional, tal nos é garantido insofismavelmentepelo próprio Walden, que testemunhava a Sá da Bandeiraem pessoa: «É V. o único homem que conheço neste país que parece teruma visão de verdadeiro estadista sobre as importantes consequências queresultam - para Portugal - da abolição do tráfico da escravatura nas suascolónias africanas. É pois com o maior respeito que o vejo arcar com todasas responsabilidades pelas consequências que possam resultar de umaséria discordância connosco acerca desta questão, quando é certo que V.seria a última pessoa a merecer que tal coisa lhe sucedesse» (333) . O mesmodizia Marinho (334) . E é pelo menos curioso anotar que o jornal setembrista«A Vedeta da Liberdade» (335) tenha assinalado a publicação do Decretolouvando-o, exclusivamente, por razões morais e sentimentais.Com a maior clarividência, Oliveira Martins viria a dizer que o sistemacolonial português ficou completamente arruinado com a separação doBrasil e com a abolição do tráfico de escravos em África. Predominavao pensamento económico de Mouzinho que preconizava o regresso dosportugueses ao chão europeu. E - prossegue Oliveira Martins - «apenasSá da Bandeira instava pela volta à política colonial; mas fazia-o de ummodo indiscretamente humanitário, esperando construir um Brasil emÁfrica com o trabalho livre e a concorrência e garantias liberais. Nistose mostrava o seu romantismo. A sua preocupação passava por mania echegava a sê-lo» (336) .332 Pereira Marinho, ob. cit., pág. III.333 Arquivo Histórico Militar de Lisboa, 3.ª Divisão, 18.ª Secção, Caixa n.º 14, Walden a Sá da Bandeira,12/Nov./1838.334 Ob. cit., pág. 101.335 Artigo «O Decreto da Abolição da Escravatura», edição de 4 de Janeiro de 1837.336 PORTUGAL CONTEMPORÂNEO, II vol., 6.ª ed., Lisboa, 1925, pág. 130.2007

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