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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>documentos na devastação da Zambézia, operada pelos mais diversosmeios, não deixa qualquer dúvida sobre o que se passava, no paroxismoda ameaça da extinção do tráfico. Essa era a verdadeira causa da fome edas sublevações que também assolavam a região. A escassez de moradoresqualificados em Moçambique era tal, em 1827, que nem sequer era possívelaplicar a lei geral de 7 de Agosto de 1826 que convocava as cortes gerais.A falta de eleitores obrigou a alterar a lei para Moçambique (287) .A propósito da obrigação em que entendia estar o governador-geral desuspender o governador Cirne e, consequentemente, ter de nomear umsindicante e um substituto, afirmava ele que em Moçambique não conheciaduas pessoas idóneas para essas funções, pelo que não respondia «pelodesinteresse e limpeza de mãos de nenhum dos empregados públicos nemdos militares desta cidade. A ambição, a venalidade e a embriaguês sãopaixões dominantes e vulgares nestes habitantes...» (288) .O Ouvidor-Geral, ao participar para Lisboa a morte do governador Paulode Brito, em 1832, confirmava o que este antes dissera dos moradores: nasua maior parte, «escravos, proletários e bárbaros, quando outros fracos,pusilânimes e imbecis». Isto quanto aos civis. Mas a força de segurançapública não era melhor. Composta de «homens a quem pela mor parte ohábito do crime fez desaparecer a moralidade das suas acções e que se eles,no estado anárquico se desprendessem dos vínculos, sem dúvida poucasseriam as pessoas e propriedades que deixassem de sofrer» (289) .O que acontecia na capital e na Zambézia, repetia-se na Baia deLourenço Marques, apesar, e talvez também por isso, de se terem mantidoali os portugueses numa situação periclitante. O governador da Baía erao principal suporte do tráfico clandestino com franceses e ingleses: «umadas ganâncias dos governadores subalternos é fazerem guerra aos negrospara os cativarem, a fim de os venderem» (290) assim se dizia dele e dos outros.Um outro governador, o capitão José António Teixeira, foi removidodo lugar «em consequência do seu escandaloso e venal procedimento».Mas o governador-geral dizia ser impossível obter testemunhas para uma135287 A. H. U., Avs. de Moç., Maços 2 e 3.288 Gov.-Geral a Duque do Cadaval, 20/Out./1830, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 14.289 Ouvidor-Geral ao Rei, 20/3/1832, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 28.290 Manuel José da Costa e Sá a António Manuel de Noronha, 2/Abril/1827, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 2.E-BOOK CEAUP

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