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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>CONCLUSÃO.08Não podem portanto restar dúvidas de que as medidas abolicionistas, todaselas, desde as de <strong>1810</strong>, 1815 e 1817 até às de 1836 e de <strong>1842</strong>, se não ficarama dever a exigências provenientes da evolução da sociedade portuguesa.Não só as camadas dirigentes não estavam em condições de impor aabolição do tráfico como, exceptuado Sá da Bandeira (alguns mais?), e estepor convicções meramente pessoais, não a podiam apetecer. As burguesiascoloniais de origem portuguesa estavam directamente dependentes daescravatura. A parte mais poderosa delas, senão a sua totalidade, nosportos, e nas primeiras décadas do século XIX, vivia exclusivamente dotráfico dos escravos e quer material quer mentalmente estava determinadaa prosseguir nele e indisposta e impreparada para qualquer outro tipode actividade. Não seria, e não foi de facto, qualquer contradição criadadentro dessas burguesias que levaria o governo português a decretar asupressão do negócio transatlântico de negros. Por sua vez as burguesiasmetropolitanas, mesmo que possamos dar de barato a sua ausência deinteresses imediatos nesse comércio, ainda assim dele dependeriamindirectamente, pois os produtos e mercados coloniais tinham por base umsistema de trabalho escravo. A ausência de qualquer campanha abolicionistade opinião pública, o mercado fácil do Brasil até 1808, a desorganizaçãoposterior das actividades económicas nacionais com as invasões e aslutas intestinas, a peculiaridade das formações sociais dominantes, tudoconvergiu para a incapacidade de readaptação e respectiva mentalidadefixista das burguesias nacionais. Que permaneceram atavicamente voltadaspara os mercados tradicionais, o do Brasil e o da Inglaterra, até muitodepois da independência do primeiro daqueles países e bastante para alémda manifesta displicência com que o segundo subalternizava os interessescomerciais portugueses. Mercados a recuperar-como esperavam-atravésda receita miraculosa dos tratados.173E-BOOK CEAUP

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