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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>de naturalidade europeia eram tão poucos em Moçambique que algumasdas relações setecentistas nos dão o seu número, povoação por povoação,em caso algum ultrapassando as dezenas escassas. Na Memória de Miranda,explica-se que «patrícios são filhos de alguns portugueses e naturais de Goa,feitos em negras. São a maior parte da cor dos cabouclos do Brasil, e outrospuramente negros; e a estes entre os nacionais têm o mesmo apelido, etambém os filhos de Goa que os portugueses, porque todos entre eles sãochamados muzungos, que vem a dizer no nosso idioma senhores» (197) . Istoé, para os indígenas, portugueses brancos, goeses e mistos de ambos e denegras, tinham o mesmo tratamento. Por sua vez, os europeus, se eramdados à ociosidade e ostentação, se vangloriavam da sua pretensa ou verdadeirafidalguia, casados ou não, mantinham relações fáceis e múltiplascom concubinas negras, sem se preocuparem com a educação nem delasnem dos filhos (198) .Os goeses, sobretudo através dos casamentos com as donas zambezianas,já dominavam a sociedade prazeira antes dos fins do séculoXVIII. A eles se juntaram portugueses de baixa condição que, da mesmamaneira, foram casar nas famílias tradicionais miscigenadas. A faltacrónica de mulheres brancas fez com que tal sociedade acabasse por sergeralmente mestiça (199) .É certo que, ao longo do século XVIII, foram muitas as rebeliões dechefes locais e nem sempre os portugueses dispuserem de força suficientepara as dominar. Algumas delas deliberadamente contra a exploração deriquezas por parte dos portugueses. Como foi o caso do régulo de Manicaque impedia a passagem do ouro pelo seu território e dos principais doreino de Quiteve que mataram seu rei por este ter permitido aos portuguesesa exploração de onze minas de ouro (200) . Mas tais rebeliões e guerrasnão impediram que o sistema senhorial dos prazos tivesse funcionado aolongo de séculos, pelas razões apontadas. Se é certo que havia chefes recalcitrantes,havia sempre outros que se aliavam com os portugueses contraaqueles. Por sua vez, os portugueses tomavam a iniciativa de proteger103197 In Andrade, ob. cit., pág. 250.198 Idem, pág. 253.199 Isaacman, ob. cit., pág. 59.200 Andrade, ob. cit., pág. 57.E-BOOK CEAUP

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