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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela146no tráfico da escravatura da África para o Brasil? No estádio actual dainvestigação, é prematuro arriscar uma opinião definitiva. Para o séculoXIX, evidentemente. Porque para os períodos anteriores não há quaisquerdúvidas. Mas tudo parece indicar que, pelo menos, a predominância dosinteresses metropolitanos directos se desvaneceu a partir da extinção dascompanhias pombalinas. E portugueses embora, na sua grande maioria ostraficantes de escravos estavam domiciliados no Brasil e na África. Quandoos ingleses começaram a apresar barcos negreiros, a partir de <strong>1810</strong>, asqueixas surgiram, exclusivamente, dos corpos do comércio dos portosbrasileiros. E os barcos apreendidos são, invariavelmente, de registo nosmesmos portos. Então, tudo o indica, os armadores eram predominantementeresidentes brasileiros. Tanto mais que, com a ida da corte parao Rio de Janeiro, para lá se devem ter deslocado os mais directamenteinteressados nos negócios coloniais.Quando o convénio anglo-brasileiro para extinção do tráfico entrouem vigor, em 1830, os negreiros apresados, alegadamente portuguesesna maioria dos casos, eram de facto residentes no Brasil ou na África, àsvezes incertamente em Portugal, no Brasil e na África. Não conseguimosapurar qualquer elemento do comércio metropolitano, estabelecido emLisboa, ou em qualquer outra cidade portuguesa, directamente metidonesse tráfico. Há sim casos, como vimos, de indivíduos e até de companhiasformadas em Lisboa, mas para actuarem em África. Que por detrás dessesnegreiros que foram para os portos africanos, e que por lá andaram, estivessemcapitais metropolitanos é muito provável. Tanto mais que, muitasvezes, aparecem insinuadas as grandes protecções de que os negreirosdispunham em Lisboa. E apesar das dificuldades de comunicação, até queponto brasileiros e africanistas se mantinham distantes e desligados dosseus pares metropolitanos? Tema que retomarmos no capítulo seguinte.Se o conhecimento das relações entre as burguesias dos portos portuguesesmetropolitanos, brasileiros e das costas africanas é determinantepara a correcta interpretação do seu comportamento no exacto momentoda grande mutação que se esboçava para o sistema colonial português, ecomo reflexo dessa outra no sistema económico mundial de então, quandoa revolução industrial era já um facto em Inglaterra - se isso é importante,não o são menos as relações entre senhores e escravos. E aqui surge o2007

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