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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela144porque em Moçambique sempre se haviam de fazer escravos» (309) . Quando,em 1857, o cônsul inglês McLeod chegou a Moçambique, logo teve conhecimentoda partida recente de sete grandes barcos de escravos para Havana.Em 1861, outra testemunha verificou que o Ibo abarrotava de escravos eum comandante inglês naquela costa, dois anos mais tarde, afirmava iremàquele porto quatro ou cinco grandes barcos, estimando o número anualde escravos exportados em 3 000 (310) .As malhas da fiscalização, especialmente das patrulhas inglesas, foram--se apertando e o tráfico para o Atlântico acabou por ser, de facto, eliminado.Também porque o Brasil, a partir de 1850, começou a exercer umarepressão efectiva sobre a importação. E o tratado de Washington, em Abrilde 1862, deu aos barcos ingleses e americanos o direito de fiscalizaçãomútua. Com americanos e ingleses a patrulharem os mares, era cada vezmais difícil furar o bloqueio e, a partir de 1865, praticamente impossível.Embora se ignore a data exacta do embarque dos últimos escravos de Áfricapara o Brasil, por meados dos anos 60 o tráfico estava no fim.Desta extensa exposição factual sobre o tráfico dos escravos de Angolae de Moçambique (que bem mais extensa seria se nela introduzíssemostodos os dados disponíveis), algumas conclusões se impõem, como síntese.Em primeiro lugar, a redução, ao longo do tempo, e a partir de meadosdo século XVIII para Moçambique, da classe dominante a um grupo senãoou nem sempre coeso e articulado, pelo menos uniforme e totalmente dominadopelos interesses imediatos da exportação de escravos. Com a subversãode qualquer outra actividade e subversão tanto mais acentuada quanto essenegócio crescia de importância. Se, para Angola, se pode afirmar que o negócioda escravatura foi predominante desde o princípio, para Moçambiquehá a considerar que ele se impôs de forma dominante depois que se lheabriram os mercados atlânticos. Até então prevaleceu, como comércio exterior,o que se processava para a Índia e como comércio interior aqueleque se desenvolveu em diversas direcções, tendo como principal suporte,durante muito tempo, a estrutura dos Prazos da Coroa, ao longo da baciado Zambeze. Comércio que, enquanto factor importante da prosperidade309 Pereira Marinho, ob. cit., págs. 17 e segs.310 R. J. Hammond, ob. cit. págs. 56-57.2007

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