19.08.2015 Views

DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

José Capela56Mas os brasileiros também estiveram nas Cortes e torna-se necessárioanalisar o seu comportamento para podermos avançar na compreensão doconflito em aberto, as suas causas, verdadeiros interesses em pendência.O facto de as Cortes terem começado os seus trabalhos sem a presençade todos os deputados eleitos pelas diversas capitanias brasileiras e o de tervotado leis que lhe diziam respeito sem aguardar os seus representantes,ou contra os votos dos poucas que já lá estavam, provocou no Brasil um«clamor de revolta» (96) . Na comissão que elaborou o projecto de decretosobre as relações comerciais com o Brasil, apresentado na sessão de 15 deMarço de 1822, havia dois brasileiros da Baía, Bandeira e Pinto da França.Este inclinava-se a favorecer os interesses da parte portuguesa. Logo sediscutiu o artigo que pretendia os transportes entre Brasil e Portugal emnavios de construção portuguesa, com a suposição de que se tratava decabotagem entre uma metrópole e a sua província, e quando se não dispunhade marinha sequer para a execução de tal disposição legal. O quequeria dizer que o Brasil se arriscava a ter de pagar fretes excessivos e a ficarmal servido. Apesar disso, os brasileiros Villela Barbosa e Pinto da Françaapoiavam o projecto mas todos os restantes eram a favor da opinião dePerreira Borges e Guerreiro que defendiam não dever vedar-se totalmente anavegação estrangeira e, com taxas sobre esta, habilitar a marinha nacionala entrar na concorrência. O artigo acabou por ser inteiramente aprovadona sua redacção inicial, não sem que antes um deputado, Barata, tivesseregistado a nula influência dos brasileiros nas resoluções que diziam respeitoà sua terra. Relativamente à troca, que os portugueses pretendiamde reciprocidade, dos produtos brasileiros e portugueses, viria a acontecero mesmo. Apesar de a troca do vinho, vinagre e sal, pelo açúcar, tabaco,café e cacau não representar efectiva equidade de interesses para ambas aspartes, apesar disso, os brasileiros estariam dispostos a aceitar a proibiçãoque lhes era imposta de negociarem esses produtos em outros mercados,desde que ela não fosse absoluta. Mas a cláusula foi aprovada pela maioriasem alteração substancial. E, de facto, não havia reciprocidade nenhuma. Onosso vinho sofria concorrências vantajosas dos espanhóis e dos francesese o açúcar do Brasil, por várias razões, incluindo o trabalho escravo, não96 Gomes de Carvalho, ob. cit., págs. 242 e segs. para a actuação dos deputados brasileiros.2007

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!