DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842
as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...
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José Capela180algodão, para o qual havia grande procura da parte da Inglaterra, reconheciaser muito difícil «levantar grandes capitais para serem aplicadosem especulações em larga escala», em Portugal; mas estava certo de queisso seria possível junto dos portugueses do Brasil, desde que o governolhes desse condições para tal (365) .Na mesma altura, porém, em que se fazia esta sugestão, acabado dedobrar o meio século, já Sá da Bandeira tinha convidado negociantes portuguesesdo Rio de Janeiro para «colonizar e agricultar» as colónias africanas.A resposta foi a de que os comerciantes portugueses da capital brasileirapensavam que não era com pequenas somas que se conseguiriam frutos acurto prazo. Para resultados prontos e permanentes entendiam que só umacompanhia com o capital de vinte mil contos. No entanto, e «nesta esperançade lucros reconhecem apenas um futuro assaz remoto, próprio paradesviar os ânimos desta especulação, principalmente quando se atende àproximidade de lucros vantajosos, que tais quantias podem produzir noImpério do Brasil em quaisquer especulações comerciais». O mais engraçadoé que, apesar disso, os comerciantes do Rio diziam estar dispostos,«para engrandecimento de Portugal», a sacrificar os lucros próximos aosremotos, com uma condição: a de que o governo português remunerasseos fundos efectivamente aplicados com 7 % de juros ao ano se os lucrosao capital não atingissem os 12 % de dividendo e mais 3 % para fundo dereserva. Quando se realizassem estes 15%, o governo ficaria dispensadodo encargo dos 7 % ou da quantia suplementar até perfazer os mesmos15% (366) . O governo rejeitou semelhante proposta... patriótica.Demo-nos ao trabalho de transcrever estes detalhes para se ver como, nadécada de 50, reagiam as burguesias portuguesas à exploração da África.Não acreditavam nela. A metropolitana nem dispunha de capitais nemera ainda suficientemente «industrial». E a emigrada pensava como sevê. Disposta a investir nos negócios africanos, mas somente desde que oslucros substanciais estivessem antecipadamente garantidos pelo governo.Consideramos perfeitamente ajustada a opinião de Hammond, segundoa qual a classe dominante portuguesa «só começou a ser consistentemente365 Francisco Travassos Valdez, ÁFRICA OCCI<strong>DE</strong>NTAL, Lisboa, 1864, pág. 138.366 João de Deus Antunes Pinto a Sá da Bandeira, 12/Nov./1857, A. H. U., Papéis de Sá daBandeira, pasta não numerada.2007