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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela16ter a sua fazenda «mui gasta» e eram numerosos os fidalgos a pediremautorização para se porem ao serviço de príncipes estrangeiros, incluindoseu irmão D. Fernando, por carência de «serviço» no reino (4) . Evitando umaenumeração minuciosa de casos, apenas outro, este do século XVIII: antesde D. Pedro Miguel Almeida Portugal deixar a Índia, em 1751, recebeuuma carta do filho D. João. Nessa carta referia-se o empenho dos Távoras,endividados, em irem para a Índia para reabilitarem a sua fortuna. E, defacto, um Távora sucedeu a D. Manuel no governo de Goa (5) .Uma vez a nobreza mercantilizada e os mercadores a buscarem, portodos os meios, integrar-se na casta nobre, temos, como realidade social,uma classe dominante integrada de mercadores-cavaleiros, cavaleiros--mercadores, fidalgos-negociantes e negociantes-enobrecidos, não setendo tornado fácil o aparecimento de uma burguesia autónoma, comvalores próprios (6) .Mas não só não se consolidou uma burguesia de negociantes, como seentrou no século XVII a sofrer os males provenientes, entre outras causas,da que se situava nas repercussões metropolitanas da acção colonial, oumelhor, dos negócios marítimos com base na Ásia, na África e no Brasil:uma sociedade carecida dos meios modernos de produção de subsistência,com redução do sector produtivo de base, e empoladas as classes não sónão participantes directas dessa produção como ainda beneficiárias dosexcedentes obtidos pelas classes trabalhadoras (7) .Hobsbawm (8) , relativamente aos fins do século XVIII e referindo genericamenteuma parte da Europa que inclui a Península Ibérica, afirma que,abaixo da grande aristocracia feudal, havia uma classe de gentlemen provincianosde envergadura e recursos económicos variáveis que explorava ocampesinato. Em alguns países, era esta classe desordenadamente grande,e portanto pobre e descontente; distinguia-se da classe não nobre pelos seusprivilégios e falta de inclinação para tarefas menos delicadas, tais como a4 Rui de Pina, CRÓNICA <strong>DE</strong> D. DUARTE, cap. XI.5 Manuel Artur Norton, D. PEDRO MIGUEL ALMEIDA PORTUGAL, Lisboa, 1967, pág. 177.6 Vitorino Magalhães Godinho, A ESTRUTURA DA ANTIGA SOCIEDA<strong>DE</strong> PORTUGUESA, Lisboa, 1971,pág. 84. Neste estudo fica bem evidenciado este aspecto específico da evolução das classes dominantesportuguesas que aqui referimos.7 Idem, pág. 88.8 E. J. Hobsbawm, THE AGE OF REVOLUTION-EUROPE 1789-1848, Londres, 1973, pág. 28.2007

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