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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>Por isso mesmo, da obra incontestavelmente surpreendente do governadorCoutinho, nada subsistiu.O decreto abolicionista de 1838 não só não extinguiu o tráfico como,de alguma maneira, o excitou. Os comerciantes, ameaçados por umamedida que lhes acabava com o negócio e acossados pelas patrulhasinglesas, trataram de se aproveitar maximamente dele, enquanto o pudessemmanter, mesmo na clandestinidade. Pioraram enormementeas condições de embarque e acumulavam nos transportes quantidadesimpossíveis de negros. A projecção, no tempo e na vida de Angola, dessafase do negócio foi tal que, ainda em 1877, o relatório da AssociaçãoComercial de Luanda a ela se referia dizendo que o comércio lícito eramero acessório ao de carregamento de gente para a América. E que aexportação clandestina, que se sucedera a 1836, foi de tal ordem quea crise de mão-de-obra se fez sentir. As fortunas feitas dessa maneira«foram todas para a Europa» (148) .O tráfico prosseguiria, portanto, durante a década de quarenta, e, em1843-44, cerca de dois terços da receita pública continuavam a ser provenientesdos direitos cobrados sobre os escravos, nos portos (149) : Para Angolafora, como governador, o vice-almirante António Manuel de Noronha.Tomou posse do governo em 25 de Janeiro de 1839 e, de imediato, tornoupúblico que aplicaria rigorosamente o decreto. Convocou os capitalistas ecomerciantes locais, propondo-lhes a formação de uma associação para aexploração das minas de ferro com o capital mínimo de 10 contos de réis,logo elevado para o dobro. A sociedade chegou a realizar capital parainiciar a exploração, mas foi um fracasso completo. Uma expedição mandadapara as minas, com tropa e técnicos, morreu toda em Golungo Alto,de doença. A Fazenda Pública entrara na companhia com algumas acções«para a animar» (150) . A comissão encarregada de acabar com o tráfico «erapor si só bastante motivo para indispor contra ele (Noronha) um País, quedesde longo tempo não sabia dar outro emprego a seus cabedais...» (151) .79148 Costa Lobo, ob. cit., pág. 143.149 Wheeler e Pélisser, ob. cit., pág. 51.150 RELATÓRIO <strong>DO</strong> MINISTÉRIO <strong>DO</strong> ULTRAMAR apresentado em 1840, in ANNAES MARÍTIMOS ECOLONIAES, n.º 4, Fevereiro de 1841.151 Idem, Ibidem.E-BOOK CEAUP

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