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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>ficaria sem ligações com Portugal e sem abastecimento de produtos dessaproveniência (297) .Mas se o governador-geral punha algum optimismo no que dizia, osgovernadores locais não tinham ilusões. O de Quelimane achava que faltavaa mão-de-obra branca; que os negros eram indolentes; que os poucosbrancos restantes dispunham de «mesquinha fortuna»; acusava osgovernadores-gerais de concederem os melhores prazos aos residentes nacidade de Moçambique, continuando a enriquecer um pequeno número (298) .O comandante do Regimento de Milícias de Sena, onde ele era o únicoeuropeu, dizia que a população das vilas era toda de canarins, incapazesde iniciativas. Só em Moçambique haveria pessoas com possibilidades económicasmas a sua iniciativa era limitada por lhes ser fácil adquirir «postos,empregos e mercês por dinheiro que dão aos generais» (299) .Era este o clima social e económico em Moçambique quando lá chegavamos executores da política abolicionista setembrista. O próprio Sáda Bandeira atribui o fracasso total da aplicação do decreto de 1836 àferoz oposição que as classes esclavagistas locais desencadearam contraos novos governadores. Como ele diz, o Marquês de Aracaty, João Carlos,(governador em 1837-1838) «sucumbiu falecendo» (300) . Foi sucedido porum governo provisório, formado de personalidades locais (entre as quaisnegreiros notórios), que governou desde 29 de Março de 1838 até 29 deMarço de 1840, data em que tomou posse do governo o brigadeiro JoaquimPereira Marinho. Este teve de se pôr a andar em Maio do ano seguinte efoi exonerado pelo ministro, conde do Bonfim. Tomou conta do governo,interinamente, o major do Exército João da Costa Xavier, igualmente acusadode negreiro.Mas se Sá da Bandeira atribui o fracasso completo das suas medidasabolicionistas à oposição dos negreiros, temos de admitir que nem a políticasetembrista era linearmente abolicionista, nem alguns dos seus executoresestão fora de suspeita de coniventes com o tráfico. Aracaty, purae simplesmente, suspendeu a aplicação do decreto. O que Sá da Bandeira139297 Gov.-Geral a José António de Oliveira Leite de Barros, 9/Set./1828, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 4.298 Gov. de Quel. a Min., 29/Set./1828, A. H. U., Avs. De Moç., Maço 5.299 Alves Barbosa a António Manuel de Noronha, 3/Fev./1828, A. H. U., Avs. de Moç., Maço 5.300 Sá da Bandeira, O TRABALHO RURAL AFRICANO, ob. cit., págs. 17-18.E-BOOK CEAUP

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