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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela66milícia, no comércio de escravos e na Igreja» (114) . Isto nas cidades costeiras,especialmente Luanda, e à volta dos presídios, nenhum dos quais a maisde duzentos quilómetros da costa. No interior, mantinha-se a organizaçãotribal, com excepção dos Dembos e dos ambaquistas, comerciantes ambulantesde Ambaca.Pode dizer-se que, na costa oriental, a situação não evoluiu da mesmamaneira, dado que tendo lá chegado a extracção de escravos para asAméricas bastante mais tarde do que à costa ocidental, isso permitiu quese criassem sociedades coloniais com alguma estabilidade, naquilo queficou conhecido como os Prazos da Zambézia. O que não quer dizer quenão se tivesse feito tráfico de escravatura dessas costas, especialmente donorte, para a Ásia e por intermédio dos árabes. Mas, verdadeiramente,só com a política pombalina é que os negreiros, até então a actuarem noAtlântico, se dirigiram em força para o Índico, atraindo os próprios prazeirosao tráfico. Prazeiros que, a partir dos fins do século XVIII, estiveraminteiramente metidos nele.Se relativamente a Angola, ao falar-se de classe esclavagista dominantese há-de entender sempre uma classe de traficantes, já no que respeitaa Moçambique, até ao século XX, subsistiu uma classe esclavagista commuitas características de senhorial e cuja riqueza principal era a propriedadede grandes quantidades de escravos estacionados nos seus extensosdomínios. Como veremos, o número dos escravos era mesmo o índicenormal para avaliar do poderio e riqueza dos domínios. Por outro lado, aíse detectam os vícios constantes de tal tipo de sociedades. Com peculiaridadesexplicáveis pelo isolamento de tais domínios no interior africano(entre outros factores), carecidos das comunicações fáceis com a costa e,consequentemente, sem dispor do tráfego a longa distância, de resto todoele voltado para as colónias americanas e extremamente decadente comoestava já o que se fazia para a Ásia. Quando os prazeiros se integraram nogrande tráfico negreiro, não o fizeram como grandes negociantes a exportaremeles mesmos mas, simplesmente, como dispensadores dos estoquesque possuíam, primeiro, e como recrutadores nos seus domínios depois,114 C. R. Boxer, RACE RELATIONS IN THE PORTUGUESE COLONIAL EMPIRE, 1415-1825, Oxford,1983, pág. 39.2007

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