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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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As Burguesias Portuguesas e a Abolição do Tráfico de Escravatura, <strong>1810</strong>-<strong>1842</strong>É evidente que se Portugal se colocou na posição de periférico do negócioinglês há, por igual, que procurar as razões profundas desse estado decoisas. E não estariam elas justamente na composição e comportamentoda classe dirigente nacional? Aliás, por mais satelitizada que tenha estadoa economia portuguesa, nomeadamente no século XVII, a verdade é quenão se verificaram os conflitos próprios de uma economia violentamentedependente. Será pois, no mínimo, ousado deixar o exclusivo da explicaçãoda ausência da formação de uma actividade manufactureira ao domíniocomercial inglês.Se a classe ainda então dominante, verdadeiramente, nem sequer estariainteressada em se opor ao domínio inglês, mas até o viria a favorecer,como no caso da abertura dos portos brasileiros (1808-<strong>1810</strong>), essa mesmaclasse teria disposto ainda de um aparelho repressivo actuando a seu favor- a Inquisição.Aceitando a tese de António José Saraiva, essa gente que a Inquisiçãoperseguia como descendente de judeus e judaizante virtual era, ao fim e aocabo, o conjunto dos homens de negócios ou mercadores, por outras palavrasmais modernas, a burguesia mercantil portuguesa.(…)No autos de fé o Inquisidor presidente era acolitado pela mais ilustre nobrezado reino; e os condenados que, como veremos, pertenciam na sua grandemaioria à burguesia mercantil, figuravam na procissão e no anfiteatrosob a guarda de familiares nobres. Expressão visível e simbólica da situaçãoreal, que fazia, dos nobres os perseguidores e dos burgueses os perseguidos (16) .Assim, o desenvolvimento de uma burguesia mercantil como classe autónomateria sido, em grande parte, travado por este tipo de policiamentoao serviço da classe dominante.Saraiva (17) considera provada a permanência, desde a Idade Média,contra ventos e marés, de uma ideologia tradicional alimentada por gruposque lutavam pela sobrevivência e, segundo a qual, do «povo cristão»faziam parte os fidalgos que conquistaram a terra e os trabalhadores daterra; estranhos seriam os capazes de destruir a ordem senhorial, isto é,os que se dedicavam a actividades capitalistas.1916 António José Saraiva, INQUISIÇÃO E CRISTÃOS-NOVOS, 2.ª edição, Porto, 1969, págs. 199 e 201.17 Idem, pág. 206.E-BOOK CEAUP

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