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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela80O próprio Sá da Bandeira descreveu a guerra que foi feita à sua política,especialmente em Angola e Moçambique, mas também em Portugal,assim como as injúrias e ataques que lhe ocasionou (152) . As coisas estavamde tal maneira radicadas e ligadas a interesses que, a 16 de Março de1839, Sá da Bandeira despachou no sentido de ser incriminado ManoelBernardo Vidal, antigo governador-geral de Angola, que não só não deracumprimento ao Decreto de 10 de Dezembro de 1836, alegando legislaçãoanterior, como autorizava o negócio dos escravos desde que lhe pagassem800$000 réis por navio (153) .A 25 de Janeiro do mesmo ano o Município de Luanda dirigia umamensagem ao novo governador-geral, mandado por Sá da Bandeira paraexecutar o decreto, o vice-almirante Noronha. Nesse documento, os áulicosda cidade, em termos sibilinos, deploram «a próxima aniquilação desta tãorica parte da Monarquia Portuguesa», numa evidente alusão à extinção dotráfico. E afirmam: «é a nossa opinião que convenceu e assegurou o Ex.mo Governador Vidal, de que os cidadãos deste Município de bom gradotragariam toda a qualidade de sacrifício, e mesmo de abusos, menos o deverem por uma crise violenta e prematura aniquilar em dias suas pequenase grandes fortunas, reduzindo-se o litoral de Angola, em poucos meses, aum bocado de costa de África igual ao de Cabo Negro». Assim se declaravauma oposição frontal à supressão do «reprovado comércio que infelizmentemantém e dá existência a estas possessões»; que admitiam dever acabarmas de «uma maneira política e a única possível; de uma maneira que nãoacabe consigo a existência destes povos...». Além disso - alegam - tais medidasem nada beneficiariam a sorte dos escravos africanos; estes seriamvendidos noutros pontos da costa «e o nosso gabinete não conseguiria maisdo que acabar com as suas possessões» (154) .A 5 de Junho do mesmo ano de 1839, isto é, a menos de seis meses dasua chegada a Angola, já Noronha escrevia a Sá da Bandeira: «Vim acabarcom o único ramo de comércio que trazia em giro os capitais desteshabitantes; fechou a alfândega e consequentemente causou um déficit nobalanço geral da receita e despesa que talvez venha a ser de quase dois152 O TRABALHO RURAL, cit., págs. 17-18.153 DIÁRIO <strong>DO</strong> GOVERNO, de 15 de Maio de 1839.154 Idem, ibidem.2007

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