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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela106economicamente. A autonomia administrativa que lhe foi dada foi explicadapela decadência total em que se encontrava mas pode, afoitamente,afirmar-se que se integrava na reformulação do sistema colonial portuguêsempreendida por Pombal, centralizando toda a produção no Brasil, e subordinando-lheAngola e Moçambique como fornecedoras de mão-de-obra.O que não era exequível relativamente a Moçambique, na situação em quese encontrava, em total dependência de Goa. Moçambique só podia prosperar,e também só podia integrar-se no todo do sistema, com o papel quelhe era atribuído, liberta de tal subordinação. Nas célebres instruções paraa administração de Moçambique, de 1761, eram apresentados como causaprincipal de decadência do seu comércio «os ganhos comerciais originariamenteavultados». Havia lucros da ordem dos 400 a 600 por cento. E quembeneficiava de ganhos de tal ordem eram os influentes junto do governo deGoa, com os monopólios por tal meio obtidos, levando para Diu ou Damão omarfim de Moçambique. Já referimos as grandes fortunas de goeses feitas nocomércio de Moçambique. Também assim se explica o domínio do comérciomoçambicano, nomeadamente nos portos, por baneanes e orientais. Até meadosdo século XVIII, Moçambique não dispunha nem sequer de navegaçãocosteira suficiente. Os navios que regressavam da Índia, em Fevereiro ouMarço, ficavam na costa, na cabotagem e comércio respectivo, até Agosto,altura de regressarem a Lisboa. As mesmas instruções de 1761, obrigando apassar pela ilha capital todo o movimento comercial e dando o monopóliodo comércio costeiro aos comerciantes e armadores da Ilha de Moçambique,tinha como finalidade aí criar um grupo de comerciantes financeiramentepoderoso (203) . Em 1767, na ilha, havia apenas cinco barcos particulares e doisbarcos do Estado que, postos à venda, não tiveram compradores. O governadorPereira do Lago, dada a escassez de capital, a falta de materiais, a vidapouco regrada dos habitantes e o seu endividamento, tanto na capital comonos restantes portos, não via possibilidade de a iniciativa privada armar anavegação costeira e manter a cabotagem. Segundo ele, havia na ilha apenastrês habitantes abastados: um com o valor de mais de 100 000 cruzados, osoutros dois dispondo, quanto muito, de 50 000 cruzados cada.203 Fritz Hoppe, A ÁFRICA ORIENTAL PORTUGUESA NO TEMPO <strong>DO</strong> MARQUÊS <strong>DE</strong> POMBAL, 1750-1777, Lisboa, MCMLXX, págs. 229 e segs.2007

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