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DO TRÁFICO DE ESCRAVATURA 1810-1842

as burguesias portuguesas ea abolição do tráfico de escravatura ...

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José Capela104militarmente aqueles que lhes convinha. Foi o caso do Monomotapa quedispunha de um destacamento militar destinado a protegê-lo contra assublevações dos subordinados (201) .Isaacman (202) considera que o sistema dos prazos foi historicamenteinstável em si mesmo. Atribui essa instabilidade à falta de legitimidadetradicional, à sua dependência dos exércitos de escravos e às incursõesrepetidas dos povos vizinhos do Zambeze. Assim, na segunda metade doséculo XVIII, no distrito de Sena, quase metade dos prazos teve uma duraçãode menos de dez anos e muitos funcionaram durante menos demetade desse tempo. Mas por 1750 havia mais de cem prazos em funcionamentoentre a foz do Zambeze e Tete. E apesar do seu declínio ter sidofacto acentuado na segunda metade do século e se ter acelerado com ocomércio dos escravos a partir da centúria seguinte, a verdade é que osistema se manteve, como tal, durante vários séculos. Com vicissitudesprofundas embora, veio do século XVI até ao século XIX, e influenciou detal maneira a vida de Moçambique que foi sobre a sua estrutura territoriale, de alguma maneira, sobre alguns aspectos da sua estrutura social que sevieram a estabelecer as primeiras companhias capitalistas de plantação,em finais de oitocentos. É verdade que o sistema não resultou como fixaçãode população europeia e consequente domínio político da Coroa dePortugal na Zambézia. E parece ser isso que leva Isaacman a evidenciaro carácter de instabilidade do sistema. Mas é um facto incontestável que,até meados do século XVIII, se desenvolveu ao longo do vale do Zambezeum verdadeiro sistema senhorial, simultaneamente escravocrata: Queassentava em grandes domínios territoriais, em exércitos de escravos, eem relações sócio-económicas de tipo feudal, com grandes peculiaridadesembora, com chefes locais tradicionais política e economicamentesubordinados aos prazeiros. Estes, economicamente, viviam das rendas etributos, assim como das produções agrícolas feitas pelos colonos, quaisservos adscriptícios. Além disso beneficiavam do comércio para o interiorque, durante muito tempo, foi a sua principal fonte de receita e exportavamouro, marfim, escravos e produtos agrícolas excedentários.201 Idem, pág. 58.202 THE TRADITION OF RESISTANCE IN MOZAM BIQUE - ANTI-COLONIAL ACTIVITY IN THE ZAMBEZIVALLEY, 1850-1921, University of California Press, 1976, pág. 5.2007

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